Unasul inaugura nova sede com apelo por maior integração regional
6 de dezembro de 2014Os presidentes dos países-membros da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) inauguraram a nova sede da organização, em Quito, nesta sexta-feira (05/12). O prédio, batizado com o nome do ex-presidente argentino Néstor Kirchner, fica a poucos metros da linha imaginária que divide o planeta em hemisfério norte e sul.
A presidente Dilma Rousseff foi recebida pelo presidente do Equador, Rafael Correa, e mostrou-se impressionada com a arquitetura do prédio. "Maravilhosa a sede. É um escritório muito bonito, com uma vista espetacular", disse.
Correa ressaltou que a nova sede da Unasul será um instrumento importante para auxiliar o trabalho da organização. Segundo a imprensa local, a obra custou 43,5 milhões de dólares, valor totalmente pago pelo governo do Equador.
Na inauguração, Correa pediu aos demais presidentes mais eficácia na integração regional. Ele afirmou que a integração sul-americana "é irreversível" e que a Unasul representa os valores "mais elevados no humanismo", como a paz, a soberania e a construção de uma boa qualidade de vida.
O presidente equatoriano disse também que o estabelecimento de salários mínimos comuns e a criação de um tribunal arbitral sul-americano devem ser as próximas metas do bloco.
Dilma exalta vitórias da esquerda
A presidente Dilma, em discurso, enalteceu a cooperação entre os países da Unasul. Ela afirmou que a crise mundial afetou o Brasil e que, justamente por isso, a integração dos países sul-americanos ganha em importância.
"Todos nós sabemos que a recuperação da crise, que começou em 2008, ainda é tênue", disse.
Ao citar a relação da América do Sul com o resto do mundo, a presidente lembrou que a região é caracterizada por exportar commodities e defendeu maior diversidade da produção local.
"Não basta considerar esses recursos apenas como grande vantagem comparativa regional. É preciso transformar esses recursos em ferramentas efetivas de diversificação produtiva e desenvolvimento social, sob pena de ficarmos presos ao círculo vicioso da mera exportação de matérias-primas", afirmou.
Dilma exaltou ainda as recentes eleições na região, com as vitórias de Tabaré Vázquez, no Uruguai, Michele Bachellet, no Chile, e dela própria.
"Nessas eleições, saiu vitoriosa a agenda da inclusão social, do combate a desigualdade e da garantida de oportunidades", assinalou.
FMI critica uniões na América Latina
Também nesta sexta, em uma conferência econômica regional em Santiago do Chile, a presidente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, afirmou que a América Latina precisa simplificar a sua complexa rede de uniões aduaneiras e blocos comercias regionais, para impulsionar o crescimento econômico.
"A proliferação de agrupamentos comerciais como o Mercosul, a Alba, Unasul e Sica, criou uma salada de regimes e preferências onde os benefícios agregados não são claros", criticou Lagarde. "Os políticos deveriam reavaliar a atual abordagem para o comércio e criar novas formas de integrar a região."
PV/ap/dpa