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Um quarto dos muçulmanos franceses apoia burca

19 de setembro de 2016

Pesquisa aponta que 20% dos homens e 28% das mulheres seguidoras do islã apoiam o uso do véu que cobre o corpo inteiro. No entanto, maioria aceita o Estado secular francês.

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Deutschland Offenbach Vollverschleierte Frauen Niqab
Foto: picture-alliance/dpa/B. Roessler

Quase 30% dos muçulmanos na França afirmam que a sharia (a lei islâmica) é mais importante do que a legislação nacional, mas a maioria aceita o Estado secular, segundo uma pesquisa divulgada no último domingo (18/09) pelo Instituto Montaigne.

De acordo com a pesquisa, 20% dos homens muçulmanos e 28% das mulheres apoiam o uso da burca (vestimenta que cobre todo o rosto) e do niqab (que cobre o rosto, mas deixa os olhos livres).

A pesquisa aponta ainda que as mulheres muçulmanas são mais conservadoras do que os homens em algumas questões. Apenas 56% delas afirmaram, por exemplo, que frequentariam uma piscina pública mista (com homens e mulheres). Entre os homens, três quartos afirmaram que não teriam problemas em frequentar esse tipo de lugar.

Para a pesquisa, foram ouvidas mil pessoas que se declararam muçulmanas. Todos os entrevistados tinham idade superior a 15 anos. A pesquisa foi realizada entre abril e maio –ou seja, antes do ataque em Nice e da discussão sobre a proibição do burquíni nas praias francesas.

A religião como revolta

O Instituto Montaigne dividiu os entrevistados em três grupos: "a maioria silenciosa", "os conservadores" e os "autoritários".

O primeiro grupo é considerado "completamente secularizado" e é o mais numeroso, chegando a 46% do total. O segundo grupo, que chega a 25% dos entrevistados, é o "orgulhoso de ser muçulmano", que aceita restrições à religião no espaço público e se opõe à burca e à poligamia, mas que também deseja mais espaço para expressar sua religião no ambiente de trabalho.

O terceiro grupo é o considerado "problemático" e inclui 29% dos entrevistados.

Esse segmento da população muçulmana é composto em sua maioria por "jovens, com baixo nível de instrução e com pouca participação no mercado de trabalho" que vivem em regiões metropolitanas.

"O islã é uma maneira que eles encontram para se afirmar nas margens da sociedade francesa", aponta o instituto, que afirma ainda que a maioria dos membros deste grupo tem visões favoráveis em relação à burca, à poligamia e ao islã como uma forma de "se revoltar" contra o resto da sociedade francesa.

Quase metade dos entrevistados com menos de 25 anos está na terceira categoria. A pesquisa também mostra que muçulmanos mais velhos geralmente demonstram atitudes mais moderadas. Entre os entrevistados, 29% afirmaram que frequentam mesquitas semanalmente – entre franceses de todas as religiões, a média é de 8,2% em seus respectivos templos.

Alguns temas da pesquisa foram apoiados pelos três grupos. Por exemplo, oito em cada dez entrevistados acredita que as cantinas escolares deveriam oferecer uma opção de comida halal (preparada de acordo com preceitos da sharia) para os estudantes – várias prefeituras rejeitam essa medida argumentando que ela constituiu ingerência religiosa nas escolas.

Dois terços dos entrevistados também afirmaram apoiar o uso do véu (que cobre o cabelo das mulheres, mas deixa o rosto descoberto). O véu é atualmente proibido em escolas e universidades francesas por ser encarado como um símbolo religioso.

Apesar do apoio generalizado ao direito de usar o véu, dois terços das mulheres afirmaram que não cobrem seus cabelos.

JPS/ots