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Crise de endividamento

13 de julho de 2011

A crise de endividamento continua mantendo a Europa em suspense. Os mercados estão apreensivos e os esforços para o resgate do euro se arrastam. O que poderia ajudar a assegurar a estabilidade da moeda comum europeia?

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Mercados também não estão convencido com gestão da crise
Países do euro estão sob pressãoFoto: picture alliance/dpa

Em momentos de grande necessidade, os europeus gostam de recorrer a fórmulas antigas. "Estamos fazendo de tudo para garantir a estabilidade da zona do euro", dizia a declaração conjunta da reunião dos ministros europeus das Finanças no início da semana em Bruxelas.

Eles também prometeram "para breve" um novo pacote de resgate financeiro para a altamente endividada Grécia. A crise da Grécia se alastra agora a outros países da zona do euro. Devido à alta dívida e à instabilidade política, a Itália está sob a mira dos mercados financeiros.

As taxas de risco para os títulos de longo prazo da dívida pública da Itália e da Espanha não param de subir, enquanto o euro e os mercados de ações não param de cair. Para completar, a agência de notação de risco Moody's rebaixou nesta quarta-feira (13/07) o crédito dos papéis da dívida da Irlanda para o grau especulativo, ou seja, não apropriados para investimentos.

Austeridade à italiana

A agitação é tanta que os chefes de Estado e de governo dos países europeus de moeda comum planejam um encontro emergencial de cúpula na próxima sexta-feira em Bruxelas, o segundo em apenas quatro meses. "Os líderes têm que fazer algo para acalmar os mercados", disse um diplomata. O encontro, no entanto, ainda não foi confirmado.

Enquanto isso, a Europa teme que a crise de endividamento da Grécia atinja agora a Itália. Para se opor a esse desenvolvimento, o Parlamento em Roma deverá aprovar na próxima sexta-feira um pacote de austeridade no valor de 40 bilhões de euros, afirmou o ministro italiano das Finanças, Giulio Tremonti, nesta quarta-feira.

Com seu pacote econômico, o governo italiano procura reduzir seu deficit orçamentário para 0,2% de seu Produto Interno Bruto até 2014 e acalmar os mercados. Além disso, Tremonti anunciou a venda de propriedades do Estado.

Ajuda à Grécia

Para o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, a resolução da crise na Grécia seria a "chave" para solucionar a crise da zona do euro. "A Grécia deve melhorar sua capacidade de resistir ao endividamento e isso tem de acontecer logo", disse Schäuble após a reunião de ministros de Finanças da UE nesta terça-feira em Bruxelas.

Os países do euro estão sob enorme pressão para que resolvam suas querelas em torno da participação do setor privado em novas ajudas para a Grécia.

Schäuble informou que um segundo pacote de ajuda à Grécia deverá ser aprovado na segunda metade de agosto. A participação de credores privados como bancos e seguradoras já estaria firmemente programada, disse Schäuble. O ministro afirmou ainda que diversos modelos estão sendo avaliados.

Por outro lado, o presidente do Banco Central alemão (Bundesbank), Jens Weidmann, avalia como problemática a sugestão do governo em Berlim de participação do setor privado no resgate de países altamente endividados.

Recompra de títulos

Em entrevista ao semanário Die Zeit, Weidmann disse ser contrário ao rebaixamento dos juros dos empréstimos de ajuda financeira, como também se posicionou contra a permissão para que os fundos europeus de resgate comprem títulos da dívida de países em crise, como planejado por Bruxelas. "O resultado disso seriam custos elevados, baixos benefícios e efeitos perigosos", afirmou Weidmann.

Segundo o jornal de economia Financial Times Deutschland, um dos conceitos em debate para o resgate da Grécia é a permissão do país de recomprar os títulos de sua dívida pagando em média 50% de seu valor nominal.

O porta-voz do Ministério alemão das Finanças, Martin Kotthaus, declarou que segundo as atuais regras do Fundo Europeu da Estabilidade Financeira (FEEF), é "teoricamente" possível dar dinheiro à Grécia para a recompra dos títulos da dívida.

Existência da zona do euro

Após um ano de ajuda à Grécia, o balanço é que, apesar da ajuda internacional bilionária, não existe ainda nenhum conceito para uma estabilização de longo prazo do país. Apesar de todas as declarações, detalhes importantes, como a participação do setor privado, continuam controversos. Especialistas temem que uma inadimplência provoque uma reação em cadeia incontrolável nos mercados financeiros, já nervosos.

Agora, mais de 12 anos após a introdução da moeda comum, trata-se sobretudo de assegurar a existência da zona do euro. Mesmo políticos conhecidos por suas formulações contidas não deixam margem a dúvidas.

"Faremos todo o possível para evitar um perigo de contágio e para que não nenhum Estado da zona do euro fique inadimplente", declarou o ministro luxemburguês das Finanças, Luc Frieden, nesta terça-feira.

Por enquanto, um consolo para os europeus é o fato de os Estados Unidos também enfrentarem problemas de endividamento. Segundo economistas, neste ano, os EUA deverão registrar um deficit público de 9,1% de seu desempenho econômico, mais do que o dobro da média de endividamento (4,3%) esperada para os países da zona do euro.

CA/afp/dpa/rtr
Revisão: Roselaine Wandscheer

Segundo pacote de ajuda à Grécia deve sair em agosto, disse Schäuble
Segundo pacote de ajuda à Grécia deve sair em agosto, disse SchäubleFoto: DW-Montage/bilderbox.de
Para Schäuble, Grécia é a 'chave'
Para Schäuble, Grécia é a 'chave'Foto: AP
Itália está imersa em dívidas
Itália tem alta dívidaFoto: picture alliance/dpa