1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Uefa veta arco-íris pró-LGBT em jogo da Eurocopa

22 de junho de 2021

Prefeitura de Munique planejava iluminar Allianz Arena com cores do movimento LGBT durante partida Alemanha x Hungria em protesto contra lei homofóbica aprovada pelo governo húngaro. Clubes alemães protestam contra veto.

https://p.dw.com/p/3vN7G
München Allianz Arena in Regenbogenfarben Montage
Foto: Sven Simon/imago images

A União das Associações Europeias de Futebol (Uefa) rejeitou nesta terça-feira (22/06) os planos da cidade de Munique de iluminar a fachada do estádio Allianz Arena com as cores do arco-íris, em demonstração de apoio à comunidade LGBT.

A ideia seria colocada em prática na ocasião da partida entre as seleções da Alemanha e Hungria pela Eurocopa, como forma de protesto contra uma nova lei húngara que promove a exclusão social das comunidades LGBT. O prefeito de Munique, Dieter Reiter, lançou a iniciativa no intuito de enviar um sinal de solidariedade a esses grupos. 

A lei aprovada pelos partidários do governo populista de direita do primeiro-ministro Viktor Orban proíbe o que chama de "promoção de homossexualidade para menores de idade”, além de tornar ilegal programas educacionais ou materiais onde a homossexualidade seja mencionada.

"A Uefa é uma organização politicamente e religiosamente neutra”, afirmou em nora o órgão máximo do futebol europeu. "Dado o contexto político do pedido – uma mensagem cujo alvo é uma decisão tomada pelo Parlamento Nacional da Hungria – a Uefa se vê na obrigação de recusar.”

A Uefa ainda sugeriu outras datas para a iluminação do estádio com as cores do arco-íris como no Dia do Orgulho Gay – ou Christopher Street Day (CSD), como é conhecido no país – ou durante a Semana do Orgulho Gay de Munique, entre 3 e 9 de julho.

Reações

A decisão da Uefa foi amplamente criticada por defensores dos direitos civis e lideranças políticas dentro e fora da Alemanha.

"Vemos como desconcertante o modo como a Uefa lida com valores que deveriam ser aceitos pela sociedade de modo geral”, afirmou o porta-voz da Associação de Gays e Lésbicas da Alemanha (LSVD), Markus Ulrich. "A Uefa não reconhece o sinal dos tempos, e é fácil ver de que lado está com essa decisão.”

O ministro francês para Assuntos Europeus, Clement Beaune, disse que a decisão da Uefa é "uma vergonha”.  Ele avalia que teria sido um "sinal muito forte de apoio” às comunidades LGBT.

Beaune, que é abertamente homossexual, disse que o gesto iria "além da mensagem política”. "Seria uma mensagem sobre valores profundamente enraizados, e não uma opção partidária.”

Em Bruxelas, uma porta-voz da Comissão Europeia disse que esse é um tema que deve ser discutido entre a Uefa e Munique, mas afirmou que "é uma boa ideia demonstrar apoio às comunidades na União Europeia, incluindo em eventos esportivos, culturais e outros.”

Ministros europeus que chegavam para uma reunião em Luxemburgo criticaram a lei húngara, que acrescenta mais uma posição homofóbica adotada pelo governo de Budapest.

A polêmica de Cristiano Ronaldo com a Coca-Cola

"As pessoas têm o direito de viver do modo que querem. Não estamos na Idade Média”, afirmou o ministro do Exterior de Luxemburgo, Jean Asselborn. Juntamente com a - as demais nações que formam o Benelux –-, seu país assinou uma declaração condenando a decisão da Uefa.

O documento também foi aprovado pelo ministro alemão de Assuntos Europeus, Michael Roth. Em sua opinião, a lei húngara "viola claramente os valores europeus”.

Em reposta à rejeição da Uefa, clubes alemães afirmaram que vão exibir as cores da bandeira LGBT em seus estádios em gesto contra a homofobia. Estádios em Berlim, Wolfsburg, Augsburg, Frankfurt e Colônia vão iluminar seus estádios durante o último jogo da fase de grupos de quarta-feira, em Munique, em resposta à decisão da Uefa.

O próprio Bayern de Munique, dono da Allianz Arena, criticou o veto da Uefa. "Mente aberta e tolerância são valores fundamentais que nossa sociedade e o FC Bayern defendem", declarou o clube em comunicado.

Uefa investiga racismo e homofobia em partidas na Hungria

Por sua vez, o ministro do Exterior da Hungria, Peter Szijjarto, comemorou a decisão da Uefa, e disse ser "prejudicial e perigoso” misturar esportes e política. "A liderança da Uefa tomou a decisão correta de não contribuir com uma provocação política contra a Hungria”, afirmou. "Graças a Deus, prevalece o bom senso entre os líderes do futebol europeu”, afirmou.

A entidade até cogitou impor uma ação disciplinar contra o goleiro da seleção alemã na Eurocopa, Manuel Neuer, que usou uma faixa com as cores do arco-íris durante a partida contra Portugal.

Por outro lado, a entidade abriu uma investigação sobre o uso de faixas homofóbicas e gritos racistas em duas partidas da Eurocopa realizadas na capital húngara, Budapeste.

Com tudo isso, o jogo entre Alemanha e Hungria nesta quarta-feira promete ser ainda mais tenso. A Hungria precisa de uma vitória para passar para a última fase, Já a Alemanha se classifica com um empate.