UE pressiona para que Irã deixe de violar acordo nuclear
9 de julho de 2019Alemanha, França, Reino Unido a e a liderança da União Europeia pediram nesta terça-feira (09/07) que o Irã pare de violar seus compromissos no âmbito do acordo nuclear de 2015, O pedido ocorre um dia após inspetores das Nações Unidas confirmarem que o país efetivamente começou aenriquecer urânio acima do limite estabelecido pelo tratado.
Na primeira semana de julho, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) já informara que o Irã também ultrapassara o limite de 300 quilos de estocagem de urânio de baixo enriquecimento.
A possibilidade de enriquecer ainda mais o urânio é considerada perigosa, pois pode recolocar Teerã no caminho para construir armas nucleares. Uma bomba utiliza urânio com enriquecimento acima de 90% e os iranianos já afirmaram que podem subir os níveis para até 20% – pelos termos do acordo o limite é 3,67%. O Irã vem afirmando que suas ações são em resposta às sanções impostas pelos EUA sobre suas exportações de petróleo, que estão sufocando a economia do país.
Num comunicado conjunto divulgado pelo Serviço Europeu de Ação Externa (SEAE), o órgão diplomático da UE, signatários europeus do acordo expressaram "profunda preocupação" com a reiterada violação do Irã de vários de seus compromissos sob o Plano de Ação Integral Conjunto (JCPoA, nome oficial do acordo nuclear do Irã).
"O Irã deve agir revertendo essas atividades e retornando ao pleno cumprimento do JCPoA, sem demora", consta do comunicado, acrescentando que uma reunião da comissão da JCPoA, que também inclui a Rússia e a China, "deve ser convocada com urgência", sem especificar quando.
Os europeus apontaram que Teerã afirmou desejar continuar a fazer parte do acordo, que visa impedi-lo de desenvolver uma arma nuclear, em troca do fim das sanções.
A França enviou na terça-feira Emmanuel Bonne, um dos seus principais assessores diplomáticos, a Teerã, num esforço para aumentar o apoio para salvar o JCPoA. O governo francês informou que Bonne deve visitar o Irã, mas os detalhes de sua programação não são claros. Segundo o gabinete do presidente francês, Emmanuel Macron, a visita visa montar uma estratégia de "desescalada”.
Numa conversa no fim de semana, Macron e o presidente iraniano, Hassan Rouhani, concordaram com o prazo de 15 de julho para "restabelecer o diálogo" entre todas as partes e abordar o atual impasse. Teerã declarou estar perdendo a paciência com o que percebe como inação da UE para entregar os benefícios econômicos prometidos e ajudar a contornar as sanções dos EUA.
Na segunda-feira, o Ministério iraniano do Exterior alertou que praticaria uma terceira violação do acordo, caso os sete signatários restantes não encontrassem maneiras de conter as sanções impostas por Washington dentro de 60 dias. Desde que o presidente Donald Trump retirou os EUA do JCPoA em 2018, a UE tem se empenhado para impedir o colapso total do acordo, mas não conseguiu mitigar o impacto econômico das sanções econômicas americanas.
Após a divulgação do pedido dos europeus, o governo do Irã respondeu que seu cumprimento dos compromissos do acordo nuclear de 2015 é "proporcional" à adesão dos signatários europeus ao mesmo. "Nós cumpriremos nossos compromissos em proporção e na mesma medida em que eles estejam respeitados", declarou o porta-voz governamental iraniano, Ali Rabiei, citado pela agência de notícias oficial Irna.
O porta-voz reiterou que as medidas tomadas por Teerã para reduzir seus compromissos nucleares "são para salvar o acordo", que prevê essa possibilidade em seu item 36, não representando, ao menos por enquanto, uma ruptura de seus termos.
JPS/efe/lusa/ots
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