Europa x Irã
24 de março de 2007A presidência alemã da União Européia exige do Irã a libertação imediata dos 15 marinheiros e fuzileiros navais britânicos, detidos nesta sexta-feira no Golfo Pérsico, perto de Shatt-al-Arab, e levados neste sábado a Teerã.
"Temos a confirmação de que os soldados foram detidos, supostamente por violação de fronteira, e vamos pedir a libertação imediata deles numa declaração oficial", disse o ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier.
Os britânicos participavam de uma operação para impedir o contrabando de armas e de combatentes para o Iraque. Teerã os acusa de haverem violado fronteiras iranianas. "Os soldados sabiam que se encontravam em águas iranianas. Isso ficou evidente nos instrumentos de navegação das duas fragatas detidas", disse um porta-voz do governo do Irã.
Segundo a versão do governo britânico, os marinheiros e fuzileiros navais se encontravam em águas iraquianas. Tanto Teerã quanto Londres convocaram reuniões com o respectivo embaixador do outro país para resolver a crise diplomática.
Novas sanções contra Teerã
O incidente no Golfo Pérsico coincidiu com a decisão do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, de não comparecer a uma sessão do Conselho de Segurança das Nações Unidas neste sábado, em que foi discutido o endurecimento de sanções contra o país por causa de seu programa nuclear.
Segundo autoridades iranianas, os Estados Unidos emitiram tarde demais vistos necessários para que toda a delegação de Ahmadinejad viaje para Nova York. Os Estados Unidos rejeitam a alegação.
Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (EUA, França, Reino Unido, Rússia e China) mais a Alemanha chegaram a um acordo sobre as novas sanções contra Teerã, entre elas o comércio de armas com o Irã. A resolução foi aprovada noite deste sábado pelos 15 membros do CS.
Negócio suspeito
Enquanto era discutida a nova resolução em Nova York, circulava na Alemanha a informação de que a França mantém negócios com o Irã no campo nuclear.
Segundo a revista Der Spiegel, através de participações na empresa francesa Eurodif, o Irã aproveita diretamente do enriquecimento de urânio na Europa. O negócio teria sido revelado num estudo feito pelo Partido Verde europeu, informou a revista.
Em 1974, o Irã teria investido mais de um bilhão de dólares na empresa de enriquecimento de urânio Solidif. Como compensação, teria sido acertado o fornecimento de 10% do urânio enriquecido para usinas nucleares iranianas. Um ano depois, a Solidif foi comprada pela Eurodif, que tem um usina de enriquecimento de urânio no sul da França.
Segundo a Spiegel, com a participação de 40% na Solidif, a agência nuclear estatal iraniana obtém um lucro anual estimado em sete milhões de euros. Para a eurodeputada verde Rebecca Harms, "é um absurdo que a ONU, pressionada pelos EUA, imponha sanções ao Irã ao mesmo tempo que a Europa realiza transações nucleares com o país".