1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

UE e EUA incluem Putin e Lavrov na lista de sanções

26 de fevereiro de 2022

Presidente russo e seu ministro do Exterior se tornam alvos das punições, após intensificação dos ataques na Ucrânia. Conselho da Europa suspende participação da Rússia na entidade de direitos humanos.

https://p.dw.com/p/47dAl
Vladimir Putin em frente a soldados perfilados em uma cerimônia oficial. Relutância de alguns países da UE em puni-lo acabou após intensificação dos ataques à Ucrânia
Relutância de alguns países da UE em punir Vladimir Putin acabou após intensificação dos ataques à UcrâniaFoto: Alexei Nikolsky/Sputnik Kremlin/AP/dpa/picture alliance

A União Europeia (UE), os Estados Unidos e o Reino Unido incluíram nesta sexta-feira (25/02) o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e seu ministro do Exterior, Seguei Lavrov, nas sanções adotadas após o início das agressões russas à Ucrânia.

Em Bruxelas, a medida foi aprovada em uma reunião dos ministros do Exterior da UE convocada para a adoção do pacote de sanções à Rússia que, segundo o chefe da diplomacia do bloco, Josep Borrell, inclui as medidas mais rígidas já adotadas pelo bloco europeu.

O pacote, aprovado pelos líderes europeus na noite anterior, atinge os setores de energia e transportes e visa asfixiar o comércio e a indústria da Rússia por meio de controles de exportações, além de congelar bens e ativos russos nos países do bloco e suspender o acesso dos bancos do país aos mercados financeiros europeus,

As medidas também ampliam o número de indivíduos russos afetados pelas sanções, que tiveram seus bens congelados e estão proibidos de entrar nos países da UE. Fontes próximas às negociações em Bruxelas afirmaram que a Alemanha e a Itália, particularmente, resistiram incialmente à inclusão de Putin e Lavrov na lista.

Mas, essa relutância se dissipou, conforme Moscou intensificava os ataques a diversas cidades ucranianas e à capital Kiev, que levaram milhares de pessoas a fugir do país.

"Vamos atingir o sistema de Putin exatamente onde deve ser atingido, não apenas economicamente e financeiramente, mas também no coração do poder”, afirmou a ministra alemã do Exterior, Annalena Baerbock.

UE evita medidas mais fortes 

As sanções europeias entraram em vigor logo após a publicação  das medidas no Diário Oficial do bloco, na noite desta sexta-feira.

Os líderes europeus entretanto, não chegaram a um consenso em torno do bloqueio à Rússia do acesso ao Swift, o sistema internacional de cooperação que permite transações financeiras entre mais de 11 mil instituições bancárias em todo o mundo.

O que é Swift?

A exclusão da Rússia do Swift teria impacto também sobre algumas economias europeias. O chanceler alemão, Olaf Scholz, disse que essa medida poderá ser parte das sanções a serem adotadas futuramente, "em uma situação na qual possa ser necessário ir mais além”.

Nesta terça-feira, a UE já havia anunciado um pacote de sanções contra Moscou que atingem vários setores e centenas de indivíduos, incluindo políticos e empresários, e dificultam o acesso de entidades russas ao mercado europeu. O objetivo é minar a capacidade de Moscou de impor políticas agressivas.

Entre os alvos, estão cerca de 350 membros do Parlamento russo que votaram a favor do reconhecimento, por Moscou, das autoproclamadas "repúblicas populares" de Lugansk e Donetsk, além de 27 indivíduos e entidades que ameaçam a integridade territorial e a soberania da Ucrânia.

Outros líderes atingidos por sanções europeias são os presidentes de Belarus, Alexander Lukashenko, e da Síria, Bashar al-Assad.

EUA aderem à iniciativa

Nos Estados Unidos, o governo também decidiu ampliar as sanções americanas para atingir também Putin e Lavrov. 

"Após um telefonema entre o presidente Biden e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e em linha com a decisão de nossos parceiros europeus, os Estados Unidos se unirão às sanções ao presidente Putin e ao ministro Lavrov, além de membros da equipe de segurança nacional da Rússia", disse a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki. Ela afirmou que as punições a Putin têm o objetivo de "enviar um sinal claro sobre a força da oposição a suas ações".

"O presidente Putin e o ministro Lavrov são diretamente responsáveis pela invasão não provocada e ilegal da Ucrânia, um estado democrático e soberano", disse o Departamento do Tesouro americano. Segundo o órgão, sanções contra um chefe de estado são "extremamente raras", e colocam Putin em uma listra restrita que inclui os líderes de Coreia do Norte, Síria e Belarus.

Edward Fishman, fellow do Atlantic Council que trabalhou no governo Obama na definição de sanções contra a Rússia, disse que as sanções contra Putin eram em grande medida simbólicas, mas um passo necessário. "Isso envia uma mensagem muito forte de solidariedade aos ucranianos que estão sob ataque agora", disse.

Por sua vez, a porta-voz do Ministério russo do Exterior, Maria Zakharova, afirmou que a imposição de sanções contra as lideranças russas refletem a “absoluta impotência” do Ocidente, no que diz respeito à sua política externa.

Conselho da Europa suspende Rússia

Os representantes permanentes dos 47 Estados-membros do Conselho da Europa – a organização pan-europeia de defesa dos direitos humanos – decidiram suspender a representação da Rússia na entidade, em razão das agressões do país à Ucrânia.

A decisão, de efeito imediato, não exclui Moscou do Tribunal Europeu de Direitos Humanos (TEDH), que é parte integrante do Conselho. O juiz russo na corte permanecerá como um de seus membros e as ações contra a Rússia continuarão a ser avaliadas e decididas pelo TEDH, informou a entidade.

"A suspensão não é uma medida final, mas sim, temporária, e deixa abertos os canais de comunicação”, ressaltou o Conselho, em nota.

A entidade já havia punido a Rússia após o país anexar a Península da Crimeia, em 2014, removendo o direto a voto de seus representantes. Moscou reagiu ao boicotar sessões da assembleia e suspender os pagamentos de suas contribuições ao orçamento do Conselho.

A questão foi resolvida em 2019, com a restauração dos direitos russos através de um acordo mediado pelo presidente da França, Emmanuel Macron. A intenção do líder francês era buscar uma reaproximação com a Rússia, o que gerou uma reação furiosa da Ucrânia.

A secretária-geral do Conselho, a croata Marija Pejcinovic Buric, descreveu o ataque à Ucrânia como uma "flagrante violação” do estatuto da entidade. "Este é um momento sombrio para a Europa e para tudo o que ela representa”, afirmou.

rc/bl (AFP, AP, Reuters, dpa)