UE-China
17 de janeiro de 2007"Há 20 anos, a União Européia (UE) e a China eram parceiros comerciais, agora somos parceiros estratégicos", disse a comissária de Relações Exteriores da UE, Benita Ferrero-Waldner nesta quarta-feira (17/01). Ela está em Pequim, onde foi recebida pelo ministro das Relações Exteriores Li Zhaoxing para iniciar as negociações de um novo acordo básico de cooperação entre a União Européia e a China.
A austríaca Ferrero-Waldner, para quem o tratado é "um empreendimento de elevado valor estratégico", disse que as negociações poderão levar cerca de dois anos. Com o acordo, que atualiza o Tratado de Cooperação Econômica e Comercial, de 1985, os europeus esperam novas cooperações em vários setores. Trata-se de um objetivo ambicioso, "mas é também muito importante", afirmou a comissária européia.
Ela salientou que o tratado de 1985 está ultrapassado porque atualmente estão sendo desenvolvidas 22 negociações bilaterais sobre temas como África, energia, segurança energética, transportes, educação, cooperação espacial e armas de destruição em massa.
Ferrero-Waldner e o vice-ministro chinês do Comércio, Yi Xiaozhun, assinaram um acordo para a construção e instalação da Faculdade de Direito China-Europa, para a qual a UE vai contribuir com 18,2 milhões de euros, parte de um pacote de acordos no valor de 62,66 milhões de euros.
Importantes parceiros comerciais
Desde o início da política de abertura por parte de Pequim, em 1978, o comércio entre a UE e China mais que triplicou, atingindo em 2005 o valor de 217 bilhões de dólares. Naquele ano, com uma fatia de 19% do comércio exterior chinês, o bloco europeu foi o principal parceiro comercial da China e quinto maior investidor neste país asiático.
Para a União Européia, a China é o segundo maior parceiro comercial, atrás dos EUA. O final das negociações entre UE e China, no ano 2000, abriu terreno para a adesão da China à Organização Mundial do Comércio, um ano depois. Embora isso tenha levado à diminuição das taxas alfandegárias e aberto o mercado chinês para empresas européias, as violações aos direitos de propriedade intelectual continuam sendo um problema.
A cúpula entre UE e China em Helsinque em setembro de 2006 foi outro passo importante no caminho da parceria estratégica, pois ambos os lados se dispuseram a trocar informações nos campos da energia, desenvolvimento sustentado, cooperações com a África e esforços para a proteção da propriedade intelectual.
Juntos pela proteção do clima?
Também a questão do abastecimento energético e o meio ambiente estão na pauta da comissária nesta visita de dois dias a Pequim. A cada semana, é inaugurada uma nova usina de carvão na China. Como a Europa sabe que não haverá solução para o combate ao aquecimento global sem a participação chinesa, Ferrero-Waldner quer sugerir a cooperação da UE, oferecendo, também, a tecnologia européia de usinas de carvão.
Com relação ao embargo de armas contra Pequim, a comissária tem reuniões agendadas, mas já adiantou que o fim do embargo depende da colaboração chinesa "no sentido de passos concretos para melhorar a proteção aos direitos humanos no país", salientou Ferrero-Waldner.