UE fortalecida com elevação de recursos do FMI
21 de abril de 2012O Fundo Monetário Internacional (FMI) arrecadou mais dinheiro para combater as crises financeiras. Reunidos em Washington, os ministros das Finanças do grupo das principais economias industrializadas e emergentes (G20) anunciaram nesta sexta-feira (20/04) um aumento do "poder de fogo" financeiro do FMI em mais de 430 bilhões de dólares.
Dessa forma, além do fundo de resgate para os países da zona do euro, ampliado em março para 800 bilhões de euros, os 188 países-membros do FMI dispõem agora de outra barreira de proteção anticrise com um volume de 1 trilhão de dólares.
Enquanto os Estados Unidos e o Canadá se recusaram a contribuir para a elevação do fundo de proteção, depois de muita hesitação, os países emergentes acenaram sua anuência em participar com novos bilhões de dólares.
Saudações europeias
Após a elevação da força de impacto financeiro do FMI, a União Europeia se sente reforçada em sua luta contra a crise de endividamento na zona do euro. "Nós, europeus, alcançamos nosso objetivo principal neste encontro", declarou o comissário europeu de Assuntos Econômicos, Olli Rehn, na sexta-feira em Washington. Rehn disse ainda que a elevação dos recursos do FMI para empréstimos emergenciais seria uma "boa notícia para a Europa e para a economia mundial".
O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, falou em Washington de um resultado "adequado e animador". Por sua vez, o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, saudou o fortalecimento da força de impacto global do FMI, salientando que a Europa "deu um passo adiante" na promessa de novos meios financeiros para o FMI.
Hesitação emergente
Uma grande parte dos recursos já havia sido acertada anteriormente com o FMI. Somente os países da zona do euro prometeram 200 bilhões de dólares. Outros países também acenaram com quantias bilionárias. Entre os maiores doadores está o Japão, com 60 bilhões de dólares, assim como a Coreia do Sul e a Arábia Saudita, com 15 bilhões de dólares, respectivamente.
Por se recusarem a ajudar ainda mais a já abastada Europa, os países emergentes hesitaram longamente, até concordarem com a elevação dos recursos do FMI. Além disso, exigiram que os europeus abram mão de parte de seu poder no FMI e que implantem a reforma dos direitos de voto, acertada em 2010.
Na sexta-feira, o Brasil, China, Rússia, Índia e outros países emergentes anunciaram também estar dispostos a aumentar sua contribuição para o FMI. A quantia exata dos recursos a serem disponibilizados não foi ainda esclarecida.
Coesão limitada
No contexto da reunião do FMI e do Banco Mundial em Washington, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, declarou que os recursos para empréstimos do Fundo Monetário Internacional praticamente dobraram com a ampliação acertada na sexta-feira.
Com sua anuência, disse Lagarde, a comunidade internacional teria sinalizado "coesão" para assegurar a estabilidade financeira mundial e atribuir uma "base sólida" à recuperação da economia internacional.
Os Estados Unidos, por outro lado, se recusaram a participar da ampliação, com a justificativa de que o FMI dispõe de meios suficientes e que a Europa seria forte o bastante para resolver seus próprios problemas.
O Canadá partilhou a posição de Washington. "A realidade é que os países europeus são relativamente ricos", declarou o ministro canadense das Finanças, Jim Flaherty. "Estamos falando já há muitos anos para que eles têm que enfrentar a questão de frente e superar os problemas com seus próprios recursos", complementou o ministro.
CA/afp/rtr
Revisão: Augusto Valente