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UE define programa contra desemprego para evitar "geração perdida"

Michael Hartlep (rc)4 de julho de 2013

Entre os jovens europeus há 5,6 milhões de desempregados, a maioria nos países mais afetados pela crise do euro, como a Espanha. Com um bilionário programa de ajuda, a União Europeia quer evitar uma "geração perdida".

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Foto: picture-alliance/dpa

A espanhola Elena Silvestra está à procura de trabalho. Ela tem 25 anos, vive em Madri e concluiu mestrado em Direito e Comércio Exterior. Há alguns anos, esse currículo garantiria um emprego bem pago e seguro. Hoje a situação é outra.

"Os empregos que existem são muito mal remunerados", diz Elena. "Eu teria que trabalhar 40 horas por semana para receber 300 euros." Nessas circunstâncias, é praticamente impossível conseguir se sustentar. Sem opções, Elena voltou a morar com os pais, que pagam a comida, o aluguel e também os gastos dela com transporte.

Jovens como Elena foram duramente atingidos pelos efeitos da crise econômica na Europa, que elevou o desemprego juvenil de 15% para 23%. Dados atuais do Eurostat – o órgão europeu de estatísticas – mostram que o número de desempregados entre 15 e 24 anos na União Europeia (UE) é de 5,6 milhões.

A situação é particularmente ruim nos dois países europeus mais afetados pela crise, a Espanha e a Grécia, onde mais da metade dos jovens estão sem trabalho – sem contar os que ainda estão na escola ou na universidade.

Jovens são mais vulneráveis

O economista Constantin Gurdgiev, do Trinity College, uma universidade de Dublin, afirma que os jovens são particularmente afetados pela recessão por serem menos sindicalizados do que os trabalhadores mais velhos e receberem mais contratos temporários.

Konferenz zur Bekämpfung der Jugendarbeitslosigkeit in Europa
Líderes da UE reuniram-se em Berlim para discutir o problema do desemprego juvenilFoto: picture-alliance/dpa

Além disso, explica Gurdgiev, no mercado de trabalho europeu existe a proteção à estabilidade, o que significa que, para as empresas, é mais barato demitir funcionários novos do que velhos.

Para o Estado, um elevado número de jovens desempregados significa uma menor arrecadação do imposto de renda. O consumo também diminui. É menos provável que um jovem obrigado a viver com uma renda mínima venha a constituir família, comprar um carro ou uma casa. Além disso, o sistema de previdência social, no qual o trabalho dos jovens paga a aposentadoria dos velhos, pode entrar em colapso.

Na opinião de Gurdgiev, essa situação pode levar até mesmo a uma ruptura social. As gerações mais jovens podem se sentir abandonadas tanto pelos políticos conservadores quanto pelos social-democratas, o que pode levar ao fortalecimento de grupos e partidos extremistas. O professor entende que as revoltas de jovens marginalizados pela sociedade em Londres, Paris e mais recentemente em Estocolmo, servem de alerta.

Mesmo com a recuperação da economia, essa geração corre riscos. Pessoas desempregadas durante muito tempo precisam disputar espaço no mercado de trabalho com os recém-formados, uma tarefa difícil quando faltam experiência e motivação. Por isso muitos se referem a esses jovens como a "geração perdida".

Devido à gravidade do problema, o desemprego juvenil está no topo das prioridades da agenda política europeia desde o início de 2013. No final de junho, os líderes da UE chegaram a um acordo sobre um programa de combate ao desemprego juvenil. O objetivo é oferecer mais opções, para assegurar aos jovens um emprego, um estágio ou uma vaga num programa de treinamento dentro de quatro meses.

Nesta quarta-feira (03/07), os líderes europeus se reuniram em Berlim, a convite da chanceler federal Angela Merkel, para discutir maneiras de combater o desemprego juvenil. Eles anunciaram que vão disponibilizar 24 bilhões de euros para serem usados em medidas de combate ao desemprego entre os jovens, principalmente nos países onde o problema é mais grave.

Treinamento e imigração

Gurdgiev concorda com a necessidade de maiores investimentos em educação e treinamento, mas observa que deve haver também um sistema de educação profissionalizante, como os existentes na Alemanha e na Suécia.

No entanto, o professor diz que a causa real do problema é outra. "Precisamos de um maior espírito empreendedor", comenta. Para ele, uma economia que estimule o empreendedorismo permitiria a um número maior de jovens garantir o seu próprio sustento.

Por isso, ele defende a desregulamentação do mercado de trabalho. O raciocínio é simples: se não existissem tantas proteções trabalhistas, a recessão atingiria a todos igualmente. No entanto, ele próprio reconhece que é pouco provável que os políticos queiram aprovar medidas nesse sentido.

Para os jovens europeus desempregados, o professor tem apenas uma sugestão. "As próximas décadas serão muito difíceis. Quem tiver uma boa formação acadêmica, deveria deixar a UE." A jovem Elena já considera essa alternativa. Como muitos espanhóis optaram pelo Reino Unido e pela Alemanha, o provável destino dela é a América Latina.