Futuro da Líbia
1 de março de 2011A próxima cúpula regular do bloco europeu aconteceria somente nos dias 24 e 25 de março. No entanto, os distúrbios que assolam a Líbia fizeram com que a União Europeia (UE) antecipasse sua reunião para o próximo dia 11. Segundo informam diplomatas em Bruxelas, a encarregada de questões diplomáticas do bloco, Catherine Ashton, e o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, estão preparando a pauta do encontro.
A data foi definida porque os representantes dos países da zona do euro já iriam se reunir de qualquer forma neste dia, a fim de determinar um pacote de medidas em prol da estabilidade econômica no continente.
Pacote de sanções
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, salientou no último domingo a urgência de um encontro de chefes de Estado e governo dos países do bloco, a fim de que seja definido um pacote de sanções a serem aplicadas contra o regime de Muammar Kadafi.
Até agora, os países da UE estabeleceram um embargo relativo à entrada de armas na Líbia, bem como limitação de viagens e bloqueio de contas bancárias de membros do governo.
Especialistas apontam que sanções econômicas contra o país seriam desnecessárias, uma vez que, no momento, as reservas de petróleo e gás natural já estão sendo em grande parte controladas pelos opositores do regime.
O ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, defendeu nesta terça-feira (1°/03) a interrupção de diversas transferências de recursos para Trípoli. De acordo com o ministro, não deveria haver mais nenhum fluxo de "dinheiro novo" para as mãos do ditador líbio – quantias com as quais soldados mercenários poderiam ser pagos para atacar o povo do país numa guerra civil, apontou Westerwelle.
"Batalha de Trípoli"
Kristalina Georgieva, comissária da UE para ajuda humanitária e resposta a situações de crise, afirmou que o bloco europeu precisa se preparar para a catástrofe humanitária que se anuncia dentro da Líbia e nas regiões de fronteira com o Egito e a Tunísia. Georgieva alertou para os riscos de fome na região e também para as consequências dramáticas de uma possível "batalha de Trípoli".
Além das questões que dizem respeito à ajuda humanitária e à reconstrução do país, outro ponto em debate na UE é a possibilidade de uma missão militar na Líbia. O governo norte-americano declarou na segunda-feira que está "mantendo todas as possibilidades em aberto", com a aproximação de forças da Marinha e Aeronáutica do território líbio.
Especialistas alertam que um total desmantelamento da Líbia poderia significar um alto risco de segurança para a Europa – uma situação para a qual a UE tem que se preparar. Diplomatas em Bruxelas salientam, contudo, que o tempo que resta aos europeus até a próxima cúpula do dia 11 de março é escasso demais e possivelmente não será suficiente para encontrar respostas concretas para o problema.
Missão militar
Ao cogitar a possibilidade de uma missão militar na Líbia, o premiê britânico David Cameron fecha o cerco em torno de Muammar Kadafi. "Não excluímos de forma alguma a ideia de medidas militares", afirmou Cameron na madrugada desta terça-feira, depois que Kadafi revidou, em entrevista à emissora britância BBC, que estaria havendo protestos em Trípoli.
"Não podemos tolerar que as forças militares do regime sejam usadas contra o povo", apelou o premiê britânico à comunidade internacional. Cameron já incumbiu funcionários do governo de elaborarem planos de proibição de uso do espaço aéreo sobre a Líbia.
O premiê britânico falou na noite da última segunda-feira com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, sobre as possíveis opções de conduta da UE em tal situação e sobre formas de aumentar a pressão sobre Trípoli, disse Cameron, lembrando também que outros membros da Otan, inclusive os EUA, já estão estudando medidas concretas para o caso.
País de grande dimensões
Cameron alertou, todavia, para os problemas que poderão advir de um ataque militar à Líbia, já que o país "é enorme, sendo necessária uma ação militar respeitável para controlar uma área tão grande", resumiu o premiê britânico.
Na última semana, a UE teve que ouvir acusações de que o bloco estaria optando por uma conduta demasiado hesitante frente aos problemas que assolam o norte da África. Nem mesmo em relação à questão dos refugiados, que atinge sobretudo a Itália e Malta, há um consenso entre os países-membros.
SV/dpa/rtr/dapd
Revisão: Carlos Albuquerque