UE condena ataques russos à oposição síria
12 de outubro de 2015Os ministros do Exterior da União Europeia (UE), em reunião nesta segunda-feira (12/10) em Luxemburgo, condenaram com veemência os ataques aéreos realizados pela Rússia na Síria a alvos que não sejam posições do "Estado Islâmico" (EI) e apelaram a Moscou para que utilize sua influência política no país árabe para possibilitar uma solução política para o conflito.
"Os ataques militares da Rússia que vão além do Daesh [nome em árabe para o EI] e outros grupos designados pela ONU como terroristas, e que visam também grupos moderados de oposição, são extremamente preocupantes e devem cessar imediatamente", diz uma declaração conjunta dos ministros.
"A escalada militar arrisca prolongar o conflito, solapando o processo político, agravando a situação e aumentando a radicalização", afirmam os ministros.
A UE vem tentando alcançar uma linha política comum para lidar com os quase cinco anos de guerra civil na Síria. Um acordo interno se tornou ainda mais urgente com o aumento do fluxo de refugiados sírios rumo à Europa.
O debate gira em torno de qual seria a melhor forma de atingir dois objetivos: a condução de uma transição política que aborde também as raízes do conflito e as formas de derrotar militarmente o EI.
Em busca de uma solução política
As duas semanas de bombardeios russos complicaram ainda mais a situação. Moscou afirma que seus alvos são o EI e outras organizações terroristas, mas países ocidentais denunciam que os ataques aéreos de Moscou atingem principalmente grupos rebeldes apoiados pelo Ocidente, ao mesmo tempo que fortalecem o regime do presidente Bashar al-Assad.
A chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini, comentou nesta segunda-feira que a intervenção russa é algo "muito mais complicado do que simplesmente dizer se é positiva ou negativa". Ela acrescentou que as ofensivas "devem ser coordenadas, caso contrário arriscam ser extremamente perigosas, não apenas do ponto de vista político, mas também militar".
A UE insiste que Moscou trabalhe em favor de uma transição política na Síria, com o apoio da ONU. Entretanto, os países do bloco se dividem sobre como essa transição deverá ocorrer e qual seria o papel de Assad nesse processo.
Alemanha, Espanha e Reino Unido defendem que o presidente sírio tenha algum papel no processo de transição, enquanto França e outras nações afirmam que ele deve se afastar antes que qualquer medida seja tomada.
Ao final, os países da UE concordaram que "não é possível haver paz duradoura na Síria sob a atual liderança", formulação que deixa em aberto a possibilidade de Assad ter um papel numa transição de poder.
Assad "não poder ser parceiro" na luta contra o EI
Os Estados-membros da UE, porém, parecem concordar que Assad não deve participar da luta contra o EI, enquanto a Rússia defende que o regime deve ser incluído numa ação militar contra os extremistas.
A declaração dos ministros do Exterior da UE afirma que, "como consequência de suas políticas e ações, o regime de Assad não pode ser um parceiro na luta contra o Daesh".
Os ministros apelam "àqueles que exercem influência nas partes envolvidas, incluindo o regime sírio, para que usem essa influência para encorajar um papel construtivo no processo que deverá conduzir à uma transição política e para acabar com o ciclo de violência".
A Rússia deve "pressionar por uma redução da violência e pela implementação de medidas de fortalecimento da confiança por parte do regime sírio".