UE pressiona EUA
30 de setembro de 2008A rejeição pelo Congresso dos Estados Unidos do pacote de 700 bilhões de dólares de ajuda ao setor financeiro nacional foi recebida nesta terça-feira (30/09) com preocupação e severidade na Europa. A expectativa das lideranças européias é que os congressistas – principalmente os republicanos, em sua maioria contra uma intervenção desse porte do Estado na economia – revisem sua posição.
"A decisão foi uma decepção", afirmou o porta-voz da Comissão Européia, Johannes Laitenberger. "Os Estados Unidos devem assumir sua responsabilidade nesta situação, devem mostrar sua capacidade de liderança para o bem de suas próprias empresas e para o bem do mundo." Ele lembrou que a atual crise teve origem nos Estados Unidos. Por isso, o país tem uma "responsabilidade especial" na situação.
Palavras duras partiram também do comissário de Comércio da União Européia (UE), Peter Mandelson. Ele declarou à emissora britânica BBC que os congressistas "perderam a cabeça" ao rejeitar o plano. Mandelson disse ainda esperar que os políticos e parlamentares europeus não repitam "essa irresponsabilidade vista em Washington".
Merkel: confiança nos mercados
A chanceler federal alemã, Angela Merkel, também instou os congressistas dos Estados Unidos a revisarem sua posição. "O governo alemão espera que esse pacote de ajuda seja aprovado ainda esta semana", afirmou. O plano é necessário para devolver a confiança nos mercados, avaliou Merkel.
A premiê lembrou que o governo alemão, em conjunto com um consórcio de bancos privados, disponibilizou 35 bilhões de euros para impedir a quebra do banco Hypo Real Estate. O objetivo da ação foi manter a confiança no mercado financeiro alemão.
O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, também disse estar decepcionado com a rejeição do pacote de ajuda ao setor financeiro. Ele também lembrou que o governo do Reino Unido tomou medidas para manter a estabilidade do setor bancário.
Bolsa de Frankfurt se recupera
Após intervir para salvar o banco Fortis, os governos da Bélgica, da Holanda e de Luxemburgo colocaram nesta terça-feira mais 6,4 bilhões de euros no banco Dexia, que tem 5,5 milhões de correntistas. Como parte da operação, dois diretores da instituição foram obrigados a deixar o cargo. "Foram tomadas todas as medidas para preservar os interesses dos correntistas do Dexia", disse o primeiro-ministro belga, Yves Letermé.
As ações dos governos europeus e a expectativa de que os congressistas norte-americanos voltem atrás e aprovem o plano de ajuda ao setor financeiro fez com que a Bolsa de Valores de Frankfurt fechasse em alta nesta terça-feira.
O índice DAX subiu 0,4%, para 5.831 pontos. Pela manhã, com a notícia da rejeição do plano dos Estados Unidos, o indicador chegara a cair 2%, para menos de 5.658 pontos, o mais baixo patamar desde agosto de 2006.
As ações do Hypo Real Estate, banco que foi salvo nesta segunda-feira numa ação bilionária do governo alemão, registraram a maior alta do dia, 18%.