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UE alerta Rússia contra uso de armas nucleares na Ucrânia

14 de outubro de 2022

Chefe da diplomacia da UE diz que exército russo pode ser "aniquilado" se Putin usar armas nucleares contra a Ucrânia.

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EU-Israel-Rat | Tagung in Brüssel | Josep Borrell, Hoher Vertreter der EU für Außen- und Sicherheitspolitik
"Aqueles que apoiam a Ucrânia também não estão blefando", disse BorrellFoto: Kenzo Tribouillard/AFP/Getty Images

O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, advertiu nesta quinta-feira (13/10) a Rússia que suas tropas seriam "aniquiladas" pela resposta ocidental caso o presidente russo, Vladimir Putin, use armas nucleares na Ucrânia.

"Vladimir Putin está dizendo que não está blefando. Os Estados Unidos e a Otan também não estão blefando, e qualquer ataque nuclear contra a Ucrânia vai criar uma reposta, não uma resposta nuclear, mas uma resposta militar tão poderosa que o exército russo vai ser aniquilado".

É "preciso deixar claro", acrescentou, que "aqueles que apoiam a Ucrânia - a UE e seus Estados-membros, os Estados Unidos e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) - também não estão blefando".

Depois que o governo russo decidiu anexar ilegalmente quatro territórios da Ucrânia, Putin alertou que a Rússia terá o direito de usar todos os recursos à sua disposição para se defender, em uma clara referência às armas atômicas.

Advertência da Otan

Nesta quinta-feira, o secretário-geral da Otan, Jens Soltenberg, alertou que tal cenário, mesmo que com o uso de armas atômicas pequenas, teria "graves consequências".

"A Rússia sabe disso. Não vou entrar em detalhes sobre a nossa resposta agora, mas claramente isso mudaria de maneira fundamental a natureza do conflito", disse Stoltenberg na sede da Otan.

A aliança militar, disse o líder norueguês, "não faz parte do conflito" embora apoie a Ucrânia. Stoltenberg acrescentou que a Otan não percebeu nenhum "sinal de que a Rússia mudou sua postura nuclear, mas a vigiamos 24 horas por dia, sete dias por semana".

O chefe da Otan acrescentou que "temos informações muito boas da inteligência" e acrescentou que "vigiamos as instalações nucleares da Rússia durante décadas".

Formalmente, a Otan ainda não ameaçou usar seu arsenal nuclear para responder à Rússia, já que a Ucrânia não é membro da aliança militar e, portanto, não está coberta por sua cláusula de autodefesa.

Monitoramento de exercício

Ainda nesta quinta-feira, Stoltenberg disse que a Otan vai monitorar de perto um esperado exercício nuclear russo,

"Monitoramos as forças nucleares russas há décadas e, claro, continuaremos a monitorá-las muito de perto e permaneceremos vigilantes - também quando começarem um novo exercício", disse o secretário-geral da Otan.

"O que posso dizer é que este exercício, o exercício russo, é um exercício anual. É um exercício em que eles testam e exercitam suas forças nucleares", acrescentou, aparentemente referindo-se ao exercício anual Grom da Rússia, que normalmente ocorre no final de outubro e em que a Rússia testa seus bombardeiros, submarinos e mísseis com capacidade nuclear.

"Vamos monitorar isso como sempre fazemos. E é claro que permaneceremos vigilantes, principalmente à luz das ameaças nucleares veladas e da retórica perigosa que temos visto do lado russo", finalizou Stoltenberg.

Mais ataques à Ucrânia

Mísseis russos atingiram dezenas de cidades e vilas ucranianas, disseram autoridades do país nesta quinta-feira.

Nas últimas 24 horas, mísseis russos atingiram mais de 40 assentamentos, enquanto a Força Aérea ucraniana realizou 32 ataques a 25 alvos russos, disse o Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia.

A cidade portuária de Mykolaiv, no sul, foi bombardeada em massa, disseram autoridades locais.

"Sabe-se que vários objetos civis foram atingidos", afirmou o governador regional Vitaly Kim em um post nas redes sociais. Ele disse que os dois últimos andares de um prédio residencial de cinco andares foram completamente destruídos e o restante estava sob escombros.

"Cruzada Maior"

Também nesta quinta-feira, o chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, destacou as implicações da guerra na Ucrânia para o Ocidente em um discurso, chamando-a parte de uma cruzada da Rússia contra a democracia liberal.

"Vladimir Putin e seus executores deixaram uma coisa muito clara: esta guerra não é apenas sobre a Ucrânia. Eles consideram sua guerra contra a Ucrânia como parte de uma cruzada maior, uma cruzada contra a democracia liberal", disse Scholz em um discurso na Cúpula da Governança Progressista em Berlim.

jps (AFP, Reuters)