Ucrânia rejeita visita de presidente alemão
13 de abril de 2022Um importante assessor do presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, disse nesta quarta-feira (13/04) que Kiev aguarda uma visita do chanceler federal alemão, Olaf Scholz, e que deseja que ele concorde em enviar mais armas à Ucrânia. A afirmação ocorre um dia após o governo ucraniano ter rejeitado uma visita ao país do presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier.
Steinmeier admitiu nesta terça-feira, durante visita à Polônia, que se ofereceu para visitar a Ucrânia juntamente com outros líderes da UE, mas Kiev lhe disse que ele não era "bem-vindo no momento".
O chefe de Estado alemão planejava se juntar a uma viagem realizada pelo presidente polonês, Andrzej Duda, em conjunto com seus colegas de Estônia, Lituânia e Letônia, visando enviar "um forte sinal de solidariedade europeia conjunta com a Ucrânia".
O embaixador da Ucrânia em Berlim, Andri Melnyk já havia criticado duramente o presidente alemão por suas conexões com a Rússia e seu papel de liderança na melhoria das relações com o presidente russo, Vladimir Putin, quando ele era ministro do Exterior do governo de Angela Merkel, entre 2013 e 2017.
Steinmeier foi um membro proeminente de uma ala do Partido Social Democrata (SPD), liderada pelo ex-chanceler federal Gerhard Schröder, que argumentava que laços econômicos estreitos com a Rússia eram uma maneira de ancorá-la dentro de um sistema global orientado para o Ocidente.
Entretanto, após a invasão da Ucrânia, Steinmeier reconheceu ter errado e admitiu que deveria ter ouvido os alertas de países do Leste Europeu em relação à sua política de aproximação com Moscou.
Afronta diplomática
A sanção ucraniana a Steinmeier foi vista na Alemanha como uma afronta diplomática. "A declaração do governo ucraniano de que uma visita do presidente alemão é atualmente indesejável em Kiev é lamentável e não está à altura das relações estreitas e crescentes entre nossos países", disse o líder da bancada parlamentar do SPD, Rolf Mützenich.
O conselheiro presidencial ucraniano, Oleksiy Arestovych, disse à televisão pública alemã na quarta-feira que não foi a intenção de Zelenski ofender Berlim. "Acho que o argumento principal foi outro: nosso presidente está esperando o chanceler [Scholz], de forma que ele tome decisões práticas diretas, incluindo envio de armas", disse ele à emissora ZDF.
O presidente alemão tem um papel, em grande parte, cerimonial, enquanto o chanceler federal lidera o governo.
Arestovych disse que o destino da cidade portuária estratégica de Mariupol e da população civil do leste da Ucrânia "depende das armas alemãs que conseguirmos", mas que isso não foi prometido. Arestovych afirmou que o tempo é essencial porque "a cada minuto que um tanque não chega, são nossas crianças que estão morrendo, sendo estupradas, mortas".
Pressão sobre Scholz
Scholz está enfrentando pressão interna crescente para aumentar o apoio à Ucrânia diante da invasão russa, que já dura sete semanas e já tirou a vida de milhares de civis.
O chanceler, como Steinmeier, um social-democrata, inicialmente respondeu ao ataque russo prometendo uma reviravolta dramática nas políticas alemãs de defesa e externa, incluindo um aumento maciço nos gastos militares. Mas até agora tem rejeitado os pedidos para seguir outros líderes da UE e fazer uma visita a Kiev, além de se recusar, principalmente por razões históricas, a enviar armas pesadas para a Ucrânia.
A Alemanha até agora enviou armas defensivas, incluindo armas antitanque, lançadores de mísseis e mísseis terra-ar em resposta ao conflito. A postura acentuou as tensões dentro do governo de Scholz, com ministros do Partido Verde – integrante da coalizão de governo, junto com SPD e o Partido Liberal Democrático (FDP) –, pedindo mais envios de armas.
Scholz também tem sido pressionado para visitar Kiev, depois que diversos líderes europeus estiveram nos últimos dias na capital ucraniana, entre eles, o premiê britânico, Boris Johnson, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
md (DPA, AFP)