Ucrânia diz ampliar controle sobre território russo em Kursk
27 de agosto de 2024O comandante-em-chefe do Exército ucraniano, Olexsandr Syrskyi, afirmou nesta terça-feira (27/08) que suas tropas já controlam uma área de 1.300 quilômetros quadrados na região russa de Kursk que inclui cerca de 100 vilarejos.
Desde o início da surpreendente incursão ucraniana em solo russo, 594 soldados russos foram capturados, afirmou Syrskyi. Isso, segundo disse, significaria que a Ucrânia ampliou razoavelmente sua capacidade de trocar prisioneiros com a Rússia.
A incursão ucraniana em Kursk – a maior invasão de território russo desde a Segunda Guerra Mundial – forçou Moscou a ordenar a retirada de 130.000 habitantes da região.
Alguns analistas militares, porém, alegam que a área ocupada pelos ucranianos não seria tão extensa. Além disso, segundo os observadores, os soldados não teriam meios de manter o controle sobre as linhas de retaguarda em toda a região após avançarem tão rapidamente.
Syrskyi disse que a Rússia enviou quase 30.000 soldados à região de Kursk para tentar conter os avanços ucranianos, e ainda mais estariam a caminho. Isso, de acordo com o militar, significaria que a estratégia ucraniana de forçar Moscou a redistribuir suas tropas ao enviá-las para Kursk estaria funcionando.
"O inimigo desloca soldados de outras posições, de tal modo que as enfraquece. Eles tentam criam um anel de defesa ao redor de nosso grupo de soldados enquanto planejam ações de contraofensiva", disse Syrskyi.
Contudo, diferentes relatos sobre os ataques russos indicam que a intensidade destes não diminuiu, com as forças ucranianas ainda sob forte pressão, principalmente na região de Donetsk, no leste do país.
Ataques russos às redes de energia
As declarações de Syrskyi, que não puderam ser comprovadas de maneira independente, vieram horas depois de a Ucrânia ter resistido a um segundo ataque massivo de mísseis e drones russos nesta segunda-feira, que deixou cinco mortos e 16 feridos. O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, disse que os russos utilizaram 81 drones, além de mísseis balísticos e de cruzeiro.
"Iremos indubitavelmente responder à Rússia por esses e outros ataques. Crimes contra a humanidade não podem ficar impunes", disse o líder ucraniano, em postagem no X.
Zelenski disse nesta segunda-feira que seu país foi alvo de um dos maiores ataques russos desde o início da guerra, em fevereiro de 2022, e relatou "grandes danos ao setor energético".
Ele pediu que os aliados europeus ajudem suas forças a abaterem drones e mísseis dentro do território ucraniano. "Se essa unidade vem funcionando tão bem no Oriente Médio, deverá funcionar também na Europa. A vida possui o mesmo valor em qualquer parte", afirmou o líder ucraniano, aparentemente se referindo à ajuda dos Estados Unidos à defesa antiaérea de Israel.
O Ministério da Defesa da Rússia disse que suas forças utilizaram armamentos de alta precisão para atingir alvos importantes da infraestrutura de energia na Ucrânia que, segundo a pasta, abasteciam o complexo industrial-militar ucraniano, como subestações de energia, estações de compressores de gás e locais de armazenamento de armas para aeronaves.
Nesta terça-feira, a pasta afirmou que a Ucrânia teve um grande número de baixas em Kursk, com 6.600 soldados mortos ou feridos, além de mais de 70 tanques e outros veículos blindados destruídos – números que também não puderam ser comprovados de maneira independente.
Zelenski prepara estratégia para diálogo
O líder ucraniano afirmou que a guerra contra a Rússia terminará eventualmente através do diálogo, mas garantiu que, para tal, Kiev deverá estar em posição fortalecida. Ele disse que apresentará um plano com essa finalidade ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
Zelenski disse que a incursão ao território russo seria parte dessa estratégia, que inclui também outras ações nas frentes econômica e diplomática. "O maior objetivo desse plano é forçar a Rússia a pôr fim à guerra. Eu quero muito isso [de uma forma que seja] justo para a Ucrânia", afirmou a jornalistas.
O líder ucraniano planeja ir à Assembleia Geral da ONU em Nova York, em setembro, onde deverá se encontrar com Biden. Ele disse que também deverá discutir a estratégia com os dois candidatos à Presidência dos EUA, a democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump.
rc (AP, Reuters, dpa)