Ucrânia urge aliados a "pensar mais rápido" na ajuda militar
21 de janeiro de 2023O principal assessor do gabinete do presidente ucraniano, Mijkhailo Podolyak, instou neste sábado (21/01) os aliados de Kiev a "pensar mais rápido" no que concerne a disponibilização de apoio militar ao país contra a invasão pela Rússia, enfatizando que a atual hesitação custa vidas.
"A indecisão está matando mais gente do nosso povo. Cada dia de atraso é a morte de mais ucranianos", escreveu o assessor nas redes sociais.
No Twitter, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, afirmou que seu país terá que lutar pelo fornecimento de tanques modernos, acrescentando que diversos países europeus estão disponíveis para fornecer equipamentos como o Leopard 2.
A população de seu país não tem tempo a perder, prosseguiu o chefe de Estado, pois "o terror não permite discussões": "o terror que incendeia uma cidade após a outra", enquanto "para os defensores da liberdade vão faltando armas contra ele".
Zelenski também apelou aos aliados para que agilizam suas decisões: "Temos que acelerar! O tempo precisa se tornar nossa arma comum, assim como defesa aérea, artilharia, veículos blindados e tanques. O Kremlin tem que perder."
"Putin deve estar rindo da indecisão da Alemanha"
Numa pesquisa do noticiário Tagesschau, da emissora de TV alemã ARD, apenas 37% dos consultados entre 18 e 34 anos se disse a favor do fornecimento dos tanques Leopard 2 à Ucrânia. Entre os maiores de 65 anos, por outro lado, a aprovação foi de 52%.
Nos meios políticos internos, contudo, a hesitação de Berlim desperta críticas. Em entrevista à TV ZDF na noite desta sexta-feira, a presidente da Comissão de Defesa do parlamento alemão, Marie-Agnes Strack-Zimmermann, comentou: "A história está nos observando, e a Alemanha, infelizmente, acabou de fracassar."
"No mínimo, o certo teria sido dar sinal verde para nossos parceiros", acrescentou, referindo-se a países como a Polônia, ansiosa por entregar os Leopard 2 à Ucrânia, mas barrada pela falta do aval alemão.
A política do Partido Liberal Democrático (FDP), da coalizão governamental, criticou como "um desastre" a comunicação do chanceler federal alemão, o social-democrata Olaf Scholz. Segundo Strack-Zimmermann, o presidente russo, Vladimir Putin, estaria provavelmente rindo da indecisão da Alemanha.
Responsabilidade especial pela paz na Europa
Nesta sexta-feira, os 54 países aliados do Grupo de Contato para a Ucrânia se reuniram na base militar alemã de Ramstein para decidir sobre o fornecimento dos tanques de guerra do tipo Leopard 2. No entanto, a medida esbarrou no falta de um aval da Alemanha, enquanto fabricante do equipamento.
Ainda assim, na ocasião o ministro da Defesa da Polônia, Marius Blaszczak, se disse convencido de que se formará uma coalizão europeia para a entrega dos Leopards 2 à Ucrânia. Antes mesmo do encontro em Ramstein, Varsóvia e outros aliados vinham aumentando quase diariamente a pressão sobre Berlim para conceder o fornecimento dos tanques de combate.
Os ministros do Exterior dos três países bálticos também apelaram neste sábado ao governo alemão para que conceda o envio dos armamentos, a fim de ajudar o exército ucraniano contra a invasão russa.
"Nós, os ministros do Exterior da Estônia, Letônia e Lituânia, apelamos à Alemanha para que envie imediatamente tanques Leopard para a Ucrânia", escreveram nas suas redes sociais.
Descrevendo a Alemanha como "a principal potência europeia", que detém "uma responsabilidade especial neste sentido", Urmas Reinsalu, Edgars Rinkevics e Gabrielius Landsbergis argumentaram que a decisão "é necessária para acabar com a agressão russa, ajudar a Ucrânia e restaurar rapidamente a paz na Europa".
av (AFP,Lusa,AP,Reuters,DPA)