Trump volta atrás em críticas à transição presidencial
29 de dezembro de 2016Depois de um primeiro encontro marcado por cordialidades bilaterais, no qual Barack Obama e Donald Trump expressaram aspirar a uma transição de mandato pacífica, as tensões e diferenças entre o presidente americano e seu sucessor vieram à tona nesta quarta-feira (28/12).
A disputa começou com Trump acusando Obama de tentar prejudicar a transição com comentários incendiários. Em sua conta no Twitter, o magnata escreveu que estava fazendo o melhor para ignorar estas declarações e os obstáculos impostos pelo "Presidente O".
"Pensei que seria uma transição suave – Não!", pontificou Trump.
Em seguida ao primeiro comentário, o presidente eleito continuou a expor diferenças nas redes sociais. Ele criticou veemente a decisão dos EUA de se abster na votação do Conselho de Segurança da ONU sobre a resolução contrária aos assentamentos israelenses em territórios palestinos, dizendo que o Estado de Israel não pode ser tratado com desdém e desrespeito.
"Eles [Israel] tinham os EUA como um grande amigo, mas não têm mais. O começo do fim foi o horrível acordo com Irã e agora isso (ONU)! Aguenta firme, Israel, 20 de janeiro está quase chegando", escreveu o magnata, referindo-se à data da mudança de governo.
Pouco depois dos comentários nas redes sociais, Obama conversou com Trump pelo telefone, que então mudou completamente o tom de suas declarações sobre o tema.
"Ele me ligou. Foi um conversa muito, muito boa... gostei de ele ter ligado. Na verdade, acho que cobrimos bastante território. Nossas equipes estão se dando muito bem, e nós também, ao contrário de algumas declarações a que eu respondi", disse Trump à imprensa. Ao ser questionado sobre a transição, o magnata respondeu que estava indo "muito, muito suavemente".
Casa Branca confirma conversa
O porta-voz da Casa Branca, Eric Schultz, confirmou que a conversa fora positiva. Segundo o assessor de Obama, o foco foi a transição pacífica e efetiva, e o presidente e seu sucessor planejaram manter o contato nas próximas semanas.
Desde o resultado da eleição em novembro, Trump e Obama tentavam deixar as diferenças de lado, mas as tensões entre ambos cresceram nas últimas semanas, após Obama declarar que Hillary Clinton foi prejudicada na campanha eleitoral por ataques cibernéticos e dizer que teria sido reeleito para um terceiro mandato, caso a Constituição permitisse uma nova candidatura.
As tensões atingiram o auge na disputa sobre a resolução da ONU que condenou a política de assentamentos de Israel. Trump chegou a pedir a Washington que vetasse a medida. O pedido foi ignorado e o país se absteve na votação, o que permitiu a aprovação do documento.
CN/afp/rtr/dpa/ap