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Trump teria pedido para atirar nas pernas de manifestantes

2 de maio de 2022

Segundo trecho de livro do ex-secretário de Defesa americano Mark Esper obtido pelo portal Axios, ex-presidente teria feito o questionamento durante onda de protestos antirracismo desencadeada pela morte de George Floyd.

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Trum fala em um púlpito, com a bandeira dos EUA ao fundo
Trump teria feito a pergunta no Salão Oval da Casa BrancaFoto: picture-alliance/AP Photo/P. Semansky

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump teria questionado a possibilidade de alvejar nas pernas manifestantes antirracismo nos protestos de 2020, afirma um novo livro do ex-secretário de Defesa americano Mark Esper.

Em trechos da obra obtidos pelo portal de notícias americano Axios e publicados nesta segunda-feira (02/05), Esper relata um encontro com Trump no Salão Oval da Casa Branca, no qual o presidente, "com o rosto vermelho e reclamando em voz alta sobre os protestos em andamento em Washington" teria questionado: "Vocês não podem simplesmente disparar neles? Atirem nas pernas deles ou algo assim?".

A reunião é abordada no livro de memórias de Esper, intitulado A Sacred Oath" (Um juramento sagrado, na tradução livre), que será publicado em 10 de maio nos Estados Unidos.

"A boa notícia: não foi uma decisão difícil" [não seguir a ideia lançada pelo Presidente republicano], diz Esper no livro. 

"A má: eu tive que fazer Trump recuar sem que se criasse a confusão que eu estava tentando evitar", afirma o ex-secretário de Defesa.

Livro revisado pelo Pentágono

O portal Axios disse que o livro de Esper foi examinado pelo Pentágono e revisado por generais e membros do gabinete. Ele cita Esper descrevendo uma atmosfera "surreal" no círculo íntimo de Trump, com a ideia de tropas abrindo fogo contra americanos "pesando muito no ar".

Policiais da tropa de choque reprimem uma manifestante
Protestos pedindo justiça por Floyd se espalharam por todo os EUA, inclusive em WashingtonFoto: Reuters/Stringer

Esper foi chefe do Pentágono entre julho de 2019 e novembro de 2020. Ele foi demitido após as eleições presidenciais de 2020, apenas 10 semanas antes de Trump deixar o poder. Esper enfureceu o ex-presidente ao declarar publicamente que era contra a convocação do exército para reprimir os protestos contra a injustiça racial. 

Em 1º de junho de 2020, os arredores da Casa Branca foram palco de manifestações conturbadas após o assassinato do afro-americano George Floyd por um policial branco, em Minneapolis. Floyd, de 46 anos, morreu em 25 de maio, após ter o joelho de um policial branco pressionado contra seu pescoço durante quase nove minutos. A morte causou uma onda de protestos em todo país e no mundo. 

Os relatos de Esper corroboram os do jornalista Michael Bender, que em agosto de 2021 já havia relatado em um livro que Trump havia exclamado repetidamente: "Dispare neles", à margem dessas mesmas manifestações.

Bender citou fontes dizendo que o chefe do Estado-Maior Conjunto general Mark Milley argumentou com Trump contra o uso das forças armadas, pois o presidente exigia uma resposta mais forte para os protestos. Na época, a polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes nos arredores da Casa Branca.

le (AFP, Lusa, ots)