Trump teria deixado de relatar US$ 250 mil em presentes
17 de março de 2023Um relatório divulgado nesta sexta-feira (17/03) por parlamentares democratas aponta que a administração do ex-presidente americano Donald Trump deixou de informar o recebimento de mais uma centena de presentes, repassados por nações e autoridades estrangeiras, avaliados em mais de 250 mil dólares.
Não foi possível encontrar, por exemplo, uma pintura em tamanho real de Trump entregue pelo presidente de El Salvador à embaixada dos EUA no país antes das eleições de 2020. Conforme o levantamento, o embaixador alertou as autoridades americanas sobre o objeto.
O relatório diz que "não há registros da pintura" pela Administração de Arquivos e Registros Nacionais ou pela Administração de Serviços Gerais, mas que alguns registros sugerem que ela pode ter sido levada para a Flórida em julho de 2021 como propriedade de Trump.
Tacos de golfe dados pelo então primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, em 2018 e 2019, também não foram contabilizados.
Entre os itens não relatados estão ainda 16 presentes da Arábia Saudita, avaliados em mais de 45 mil dólares, incluindo uma adaga de até 24 mil dólares, e 17 presentes da Índia, a exemplo de abotoaduras, um vaso e uma maquete do Taj Mahal de 4,6 mil dólares, aponta o relatório.
Lei exige declarações
Nos Estados Unidos, presentes caros que autoridades estrangeiras dão ao presidente, vice-presidente e suas famílias devem ser relatados ao Departamento de Estado, segundo a Lei de Presentes e Decorações Estrangeiras.
Citando registros do Departamento de Estado, o relatório indica que o número de presentes relatados por Trump e sua família é menor do que o divulgado por presidentes anteriores.
De acordo com o documento, a Casa Branca, durante o governo Trump, relatou alguns presentes recebidos entre 2017 e 2019, mas deixou de repassar informações sobre mais de cem itens estrangeiros que, somados, ultrapassam 250 mil dólares.
"As conclusões preliminares de hoje sugerem novamente um desrespeito descarado do governo Trump pelo Estado de direito e sua sistemática má conduta [em relação] a grandes presentes de governos estrangeiros, incluindo itens personalizados extravagantes que excedem amplamente o limite legal em valor, mas nunca foram relatados, com alguns deles faltando ainda hoje", afirmou o deputado democrata Jamie Raskin, de Maryland, um dos líderes do chamado Comitê de Supervisão.
Ele também disse que o comitê deve "continuar empenhado em seguir os fatos para determinar até que ponto o ex-presidente Trump infringiu a lei ou violou a Constituição ao não informar presentes e [assim] tomou posse de itens valiosos sem pagar o preço justo de mercado por eles".
Questionado, um porta-voz de Trump não respondeu aos pedidos de comentários.
gb (AP, AFP)