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Trump pode ter sido alvo de espionagem por agências dos EUA

23 de março de 2017

Segundo deputado republicano, conversas teriam sido interceptadas por acaso entre a vitória do magnata nas urnas e a cerimônia de posse. Presidente comemora alegação.

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Devin Nunes
Nunes informou Trump sobre possível espionagemFoto: picture alliance/dpa/S.Corum

Conversas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, podem ter sido interceptadas "inadvertidamente" por agências de inteligência americanas, afirmou nesta quarta-feira (22/03) o líder republicano do comitê de Inteligência da Câmara dos Representantes, Devin Nunes.

Informações teriam sido coletadas entre novembro do ano passado e janeiro deste ano – exatamente entre a vitória eleitoral de Trump e a cerimônia de posse –, em escutas legais voltadas a investigações de suspeitos estrangeiros.

"O presidente e outros membros da equipe de transição de Trump foram claramente incluídos em relatórios de inteligência", disse Nunes a repórteres em frente à Casa Branca, depois de informar o próprio líder americano sobre a situação.

Embora as regras determinem que informações sobre americanos coletadas incidentalmente sejam suprimidas de relatórios, o conteúdo das conversas teria sido "amplamente divulgado" nos círculos de inteligência dos EUA, disse ele.

O deputado, que trabalhou na equipe de transição de Trump e agora lidera uma investigação sobre as possíveis ligações entre a campanha presidencial do republicano e Moscou, afirmou ainda que as comunicações interceptadas não têm ligações com a Rússia e aparentam ter "pouco ou nenhum valor para a inteligência".

Ele também negou que haja algum indício de que o ex-presidente Barack Obama tenha ordenado o monitoramento, como acusa Trump, ou mesmo que o próprio magnata fosse o alvo pretendido.

A divulgação foi criticada pelo principal representante democrata na comissão, Adam Schiff, que condenou o fato de a informação ter sido comunicada ao presidente e à mídia antes de ser levada ao comitê para análise.

"Hoje, o presidente [da comissão, Devin] Nunes partilhou informação com a Casa Branca que negou à comissão de Informações da Câmara dos Representantes. Ele não pode conduzir uma investigação credível assim", escreveu Schiff.

Trump, por sua vez, disse se sentir vindicado de alguma maneira com a notícia. "De alguma maneira, eu me sinto. Confesso que sim", disse o presidente em um evento não relacionado na Casa Branca. "Fico muito contente que eles encontraram o que encontraram."

A revelação de Nunes ameaça reverter uma investigação bipartidária sobre a alegada interferência russa nas eleições de novembro e o possível conluio de Moscou com a campanha de Trump.

IP/efe/lusa/afp