Trump ensanguentado e desafiador vira símbolo patriótico
14 de julho de 2024Algumas imagens de eventos históricos ficam gravadas na nossa memória coletiva. Muitos que testemunharam a cobertura do 11 de Setembro de 2001 se lembram das pessoas, vestidas com roupas de escritório, caindo do World Trade Center pouco antes de as torres virem abaixo. Indo mais atrás na história dos Estados Unidos, outro registro icônico mostra soldados erguendo a bandeira nacional no campo de batalha na ilha japonesa de Iwo Jima, em 1945, durante as fases finais da Segunda Guerra Mundial no Pacífico.
Parece que a historiografia americana acaba de ganhar outra imagem: O registro que Evan Vucci, um fotógrafo da agência de notícias Associated Press (AP), fez do candidato à Casa Branca Donald Trump segundos depois de ele escapar de uma tentativa de assassinato em um comício realizado no sábado (13/07) em Butler, na Pensilvânia. A imagem ilustra o topo deste artigo.
"Eu sabia que era um momento na história americana e que tinha que ser registrado", disse o próprio Vucci logo após o atentado.
O fotógrafo-chefe de notícias da AP em Washington estava fazendo o trabalho que ele já havia feito centenas de vezes antes em outros comícios – até que vieram os tiros.
"Olhei para o palco e vi os agentes do Serviço Secreto correndo em direção ao presidente Trump. A partir desse momento, corri para o palco e comecei a fotografar", disse Vucci. "Não tenho certeza de quanto tempo durou do início ao fim, mas na minha cabeça tudo aconteceu muito rápido."
Imagem transmite senso desafiador e patriótico ao mesmo tempo
Já há pessoas comparando a foto à icônica imagem dos soldados da Marinha americana hasteando a bandeira na ilha japonesa durante a Segunda Guerra Mundial. No X, um internauta chamou-a de "a foto de Iwo Jima desta geração". A renomada revista The New Yorker também apontou semelhanças.
É fácil ver de onde vem a comparação. O punho erguido de Trump e sua expressão facial, acentuada pelo sangue que corre pelo rosto, podem ser lidos como uma declaração de alguém que desafia a adversidade. E há também a própria bandeira americana, elemento central na foto de Iwo Jima e pano de fundo patriótico perfeito na imagem do republicano, que com seu punho cerrado e altivez parece sinalizar: "Ainda estou de pé".
A bandeira é extremamente importante para os americanos
Com suas estrelas e listras nas cores azul, vermelho e branco, a bandeira americana tem imensa importância na cultura dos EUA. Especialmente para americanos conservadores – mas não só entre eles –, ela é o principal símbolo de orgulho nacional e amor pelo país, sendo ostentada nos jardins de muitas casas particulares.
O hino nacional dos EUA, "The Star-Spangled Banner" (O Estandarte Estrelado, em tradução livre), fala sobre americanos que "orgulhosamente [...] saudaram" a bandeira durante a Guerra de 1812 contra os britânicos. Cidadãos patriotas dos EUA chamam seu país de "a terra dos livres e o lar dos bravos", referindo-se às letras do hino nacional.
Para os apoiadores de Trump, ver a bandeira tremular acima de seu presidente, que acabou de sobreviver a uma tentativa de assassinato, é um forte símbolo de força e resiliência – tanto de seu país quanto de Trump.
"Os EUA estão orando pelo presidente Trump", escreveu o congressista republicano Matt Gaetz no X. "Nós vamos superar e DERROTAR O MAL [sic]!"
Autor de foto icônica de Trump já foi premiado no passado
Não é a primeira vez que o fotojornalista Evan Vucci trabalha sob fogo cruzado. Ele acompanhou um pelotão de soldados americanos e suas famílias durante uma turnê de 15 meses em Mosul, no Iraque. Em 2021, ele fez parte da equipe da AP que ganhou o Prêmio Pulitzer, um dos mais importantes reconhecimentos do jornalismo, na categoria "fotografia de notícias de última hora" por sua cobertura dos protestos antirracistas que varreram o país após a morte de George Floyd.
O caso de Floyd, um homem negro morto por policiais brancos em Minneapolis, repercutiu em todo o mundo. Resta saber quais consequências o atentado contra Trump terá para os EUA e para as eleições presidenciais em 5 de novembro.
O candidato republicano falará na Convenção Nacional do partido que começa nesta segunda-feira em Milwaukee, Wisconsin, onde será oficialmente ungido por aliados para disputar a Casa Branca.
"Eu realmente amo nosso país, e amo todos vocês, e estou ansioso para falar com nossa grande nação esta semana em Wisconsin", escreveu o ex-presidente em um post na rede social Truth Social.