Tribunal condena ex-presidente da Libéria a 50 anos de prisão
30 de maio de 2012O Tribunal Especial para Serra Leoa em Haia, na Holanda, condenou nesta quarta-feira (30/05) o ex-presidente da Libéria Charles Taylor a 50 anos de prisão por crimes contra a humanidade e de guerra. Taylor é o primeiro chefe de Estado condenado num processo internacional desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
"O acusado é responsável por ter ajudado e encorajado alguns dos crimes mais hediondos da história da humanidade", disse o juiz Richard Lussick. Taylor havia sido considerado culpado, em abril, de 11 acusações, incluindo estupro, assassinato e recrutamento de crianças-soldado. Segundo o tribunal, o político apoiou os rebeldes da Frente Unida Revolucionária na vizinha Serra Leoa durante a guerra civil que deixou milhares mortos entre 1991 e 2002.
Lessick declarou que os efeitos dos crimes cometidos por Taylor, hoje com 64 anos, tiveram efeitos devastadores sobre as famílias das vítimas, assim como sobre a sociedade em geral. "O tribunal viu muitos sobreviventes chorarem enquanto prestavam testemunho", relatou.
Pena menor do que a esperada
Em 3 de maio, a acusação havia pedido 80 anos de prisão para Taylor – o primeiro chefe de Estado africano julgado internacionalmente. A defesa considerou, porém, a pena "desproporcional". Os juízes justificaram a decisão dizendo que Taylor teve um papel essencial na execução dos crimes, mas não tinha "controle efetivo" sobre os rebeldes em Serra Leoa.
Entretanto, o tribunal considerou como agravante o fato de Taylor "ter traído a confiança pública" enquanto presidente da Libéria – cargo que ocupou entre 1997 e 2003 – e não ter mostrado qualquer remorso por isso. Taylor havia assegurado em maio ter feito "tudo pela paz" em Serra Leoa e acusou a promotoria de ter comprado e ameaçado testemunhas.
O tribunal acusou Taylor de ter armado os rebeldes em Serra Leoa e de ter deixado suas tropas lutarem no país vizinho. Em troca, o então presidente da Libéria teria acesso às reservas de diamantes de Serra Leoa.
A defesa e a acusação têm agora 14 dias para recorrer da sentença. Caso contrário, o ex-presidente cumprirá a pena no Reino Unido.
LPF/lusa/afpd/dapd
Revisão: Carlos Albuquerque