Tribunal alemão condena terrorista a pena máxima
19 de fevereiro de 2003Pela primeira vez um suspeito de envolvimento nos atentados terroristas contra o World Trade Center, em Nova York, e o Pentágono, em Washington, foi a julgamento. Nesta quarta-feira (19/02), o marroquino Mounir El Motassadeq, que vive na Alemanha desde 1993, foi condenado a 15 anos de prisão, pena máxima exigida pela Promotoria.
O juiz Albrecht Mentz justificou a sentença afirmando que o réu é membro de uma organização terrorista e foi conivente com o assassinato de mais de 3000 pessoas. Ele frisou que Motassadeq fazia parte do grupo terrorista comandado pelo egípcio Mohamed Atta desde sua fundação, em 1999, e sabia dos planos da organização.
Motassadeq não participou diretamente dos ataques, mas recebeu a incumbência de dar cobertura para os outros membros da organização em Hamburgo e impedir que os planos fossem descobertos, ressaltou o juiz, afirmando que o jovem de 28 anos contribuiu de forma ativa e consciente para o sucesso dos atentados.
A Promotoria acusou o réu de ter acobertado a ausência dos pilotos suicidas em Hamburgo, e de possuir uma procuração bancária de um deles, Marwan Al Shehhi, para que pudesse fazer remessas de dinheiro aos pilotos terroristas nos Estados Unidos.
Especulações e suposições
Para os advogados de defesa de Motassadeq, a acusação foi baseada apenas em "especulações, suposições e interpretações". O réu também negou sua participação nos atentados, embora tenha admitido que conhecia os terroristas.
Durante o pronunciamento da sentença, Motassadeq estava visivelmente chocado e cochichou por diversas vezes com seus advogados, Hans Leistritz e Hartmut Jacobi. Ele também abanou a cabeça quando o juiz disse que as testemunhas apresentadas pela defesa não foram convincentes.
O ministro do Interior da Alemanha, Otto Schily, elogiou a decisão do Tribunal Estadual de Hamburgo, declarando que a sentença serve também de alerta a todos os que se aproximam de organizações terroristas. Ele desfez temores de que a condenação possa se reverter em ameaça à segurança da Alemanha, por provocar represálias ou eventuais atentados. No momento, salientou o ministro, "não existem indícios concretos" que possam gerar maiores preocupações.