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EsporteAlemanha

Treinador alemão é suspenso do ciclismo após fala racista

6 de agosto de 2021

Federação internacional de ciclismo proíbe Patrick Moster de exercer suas funções até 31 de dezembro. Diretor fez comentários racistas contra atletas africanos em transmissão ao vivo durante prova dos Jogos de Tóquio.

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Patrick Moster
União Ciclista Internacional criticou as declarações "discriminatórias" de Moster em prova no final de julhoFoto: Marizio Gambarini/dpa/picture alliance

O treinador alemão de ciclismo esportivo Patrick Moster foi suspenso de suas funções por quase cinco meses por ter feito comentários racistas durante uma prova dos Jogos Olímpicos de Tóquio, no final de julho, anunciou a União Ciclista Internacional (UCI) nesta sexta-feira (06/08).

A entidade, que rege o ciclismo mundialmente, informou que Moster reconheceu sua má conduta e concordou em ficar banido do esporte até 31 de dezembro.

"A Comissão Disciplinar suspendeu imediatamente o sr. Moster de maneira provisória, argumentando que tais declarações foram discriminatórias e contrárias às regras elementares de decência", afirmou a UCI em comunicado.

"[Ele] reconheceu perante a Comissão Disciplinar que cometeu uma infração aos regulamentos da UCI e aceitou a suspensão até 31 de dezembro de 2021, período durante o qual não poderá participar em qualquer capacidade de qualquer evento organizado sob os auspícios da UCI."

A suspensão significa que Moster não poderá acompanhar sua equipe durante o Campeonato Mundial de Ciclismo em Estrada na Bélgica em setembro, nem durante o Campeonato Mundial de Ciclismo em Pista, no Turcomenistão, no mês seguinte.

O diretor alemão de 54 anos já havia tido sua participação nos Jogos de Tóquio encerrada mais cedo por conta do comentário racista, transmitido ao vivo pela televisão em 28 de julho.

Logo após o episódio, ele foi mandado de volta para casa pela Federação Olímpica da Alemanha (DOSB, na sigla em alemão), por ter "violado os valores olímpicos" com a fala. "Fair play, respeito e tolerância não são negociáveis para a equipe da Alemanha", disse a federação em nota.

O comentário racista

A declaração racista foi proferida durante a prova masculina de ciclismo de estrada, quando o alemão Nikias Arndt tentava alcançar dois oponentes africanos: os ciclistas Azzedine Lagab, da Argélia, e Amanuel Ghebreigzabhier, da Eritreia.

Moster, que é diretor esportivo da Federação Alemã de Ciclismo (BDR, na sigla em alemão), gritou várias vezes: "Alcance os condutores de camelo! Alcance os condutores de camelo! Vamos!"

A imagem e o áudio foram transmitidos ao vivo na televisão, e deixaram o comentarista da emissora alemã ARD Florian Nass chocado enquanto reagia: "Se eu realmente entendi o que ele estava gritando, isso foi totalmente errado." "Faltam palavras para mim", acrescentou Nass. "Algo assim não tem lugar no esporte."

O treinador de ciclismo depois pediu desculpas pelos comentários. "No calor do momento e com a pressão que enfrentamos aqui no momento, minha escolha de palavras não foi apropriada", disse Moster em julho à agência de notícias alemã DPA. "Lamento muito e só posso oferecer minhas sinceras desculpas. Eu não queria ofender ninguém."

Forte reação

O comentário provocou fortes reações à época. O ciclista Lagab, da Argélia, postou uma mensagem no Twitter: "Bem, não há corrida de camelos nos Jogos Olímpicos. Esse é o motivo de eu ter vindo competir no ciclismo. Pelos menos eu estava lá em #Tóquio2020."

O presidente da alemã BDR, Rudolf Scharping, disse que os comentários eram "inaceitáveis", e o presidente da DOSB, Alfons Hörmann, afirmou que a organização defende o "respeito, o fair play e a tolerância".

Arndt, que terminou em 19º lugar, distanciou-se dos comentários de Moster por meio de uma mensagem no Twitter, dizendo que estava "horrorizado" com o incidente.

"Tais palavras não são aceitáveis", escreveu o atleta. "As Olimpíadas e o ciclismo significam tolerância, respeito e justiça. Eu represento 100% esses valores e tiro meu chapéu para todos os grandes atletas que vieram de todo o mundo para Tóquio."

ek (AFP, AP, DPA, DW)