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Glóbulos brancos no tratamento da leucemia

Gudrun Heise (cn)30 de junho de 2014

Após transplante de medula óssea, sistema imunológico de pacientes é neutralizado, a fim de evitar rejeição. Pesquisadores da Alemanha estudam transferir linfócitos B e "células da memória" do doador.

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Foto: C. Lee-Thedieck/KIT

Em casos graves de leucemia, o transplante de medula óssea é um tratamento comum, em que o tecido do paciente é substituído pelo do doador. Após esse procedimento, a recuperação do sistema imunológico do transplantado pode durar meses e anos. Assim, cientistas da Alemanha pesquisam uma técnica para reduzir os riscos de infecção durante essa fase.

A leucemia é um câncer que afeta os leucócitos – glóbulos brancos do sangue que fazem parte do sistema imunológico, o responsável pela proteção contra doenças. Os casos de leucemia aguda se desenvolvem rapidamente e precisam ser tratados o mais rápido possível.

Mas no transplante a medula óssea do doador também pode ser rejeitada pelo organismo do receptor. Isso obriga os transplantados a tomarem remédios que reprimam amplamente a ação de seu sistema imunológico, aumentando o risco de infecção e acarretando que a vacinação básica tenha que ser refeita, como numa criança. Entretanto, não existem vacinas contra certos agentes, como fungos ou o vírus do herpes.

"Alguns pacientes pegam alguma infecção logo após o transplante, ou seja, nas quatro primeiras semanas. Mas eles podem também estão expostos a infecções graves nos anos seguintes", informa Andreas Mackensen, do Hospital Universitário de Erlangen.

Pesquisadores do Instituto de Virologia do Departamento de Biologia da Universidade de Friedrich Alexander de Erlangen e Nurembergue pesquisam como diminuir ou eliminar esse risco. No futuro, após o transplante de medula óssea, os pacientes devem receber também linfócitos B saudáveis – um tipo de glóbulos brancos que produz anticorpos.

Stammzellenforschung
Transferência de linfócitos B reduziria estresse inunológicoFoto: picture-alliance/dpa

Células da memória

Os pesquisadores já conseguiram isolar os linfócitos B tanto in vitro quanto em experimentos com camundongos. E desenvolveram técnicas para purificar os leucócitos do sangue do doador e transferi-los para o paciente de transplante. No atual estudo, essa transferência ocorre de três até quatro meses depois do transplante.

"Esse é o período que o paciente ainda não possuiu um novo sistema imunológico e está vulnerável a infecções. Nós conseguimos demonstrar que na fase após o transplante o paciente não possui nenhuma célula de memória no sangue", diz Mackensen.

Essas células, responsáveis pela memória imunológica do corpo, são uma espécie de catálogo de informações para a formação de anticorpos contra doenças. Os pesquisadores pretendem também transplantá-las nos receptores, para que seu corpo não precise aprender novamente as respostas imunológicas – como ocorre com os recém-nascidos.

Ou seja: após o transplante de medula óssea, os pacientes com leucemia recebem também do doador um sistema imunológico saudável. Por exemplo, se o doador foi vacinado contra febre tifoide, essa vacina também é transferida ao receptor.

"Nós queremos, saber o que acontece exatamente, é claro. Pretendemos também aplicar uma vacina convencional no paciente, para observar se ele reage a ela. Nós sabemos que sem células [da memória] o paciente não reage à vacina. Deste modo, temos um grupo de controle e podemos mostrar que a técnica funciona", relata o pesquisador.

Perigo de reação imunológica descontrolada

Contudo há, ainda, o risco de que as células imunológicas não produzam somente anticorpos contra bactérias e vírus, mas também autoanticorpos, causando distúrbios nas reações imunológicas, como reações exageradas do sistema de imunidade.

"Por isso decidimos começar no primeiro estudo com uma quantidade pequena dessas células. Assim, elas não desencadeiam diretamente reações imunológicas completas, que possam se voltar a tecidos saudáveis. Esse é o problema e o risco principal", admite Andreas Mackensen.

Mas há um anticorpo que é permitido para determinadas doenças e é capaz de "desligar" os linfócitos B transplantados. "Se a situação sair totalmente do controle, há a possibilidade de aplicarmos esses anticorpos que eliminam imediatamente as células. Portanto, existe um mecanismo de segurança."

Em sua primeira fase, a pesquisa em Erlangen conta com 15 pacientes. O primeiro teste foi feito num rapaz bávaro de 21 anos, submetido a transplante em março. "Ele está ótimo; em casa e com saúde; vem regularmente para a consulta de controle e está superando tudo muito bem", conta, animado o cientista.