Testes demonstram eficácia de vacina contra o ebola
23 de dezembro de 2016A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta sexta-feira (23/12) que amplos testes realizados com uma vacina contra o vírus ebola tiveram resultados positivos e que o procedimento para a sua comercialização será finalizado até 2018.
Os testes da vacina rVSV-ZEBOV foram realizados em 5.837 pessoas na Guiné, país onde em 2014 se iniciou a maior epidemia de ebola de que se tem registro, a qual se estendeu a Serra Leoa e Libéria, no oeste africano. A vacina foi aplicada na primeira metade de 2015, quando a epidemia tinha caído ligeiramente, embora o vírus continuasse circulando.
Segundo a diretora-geral adjunta da OMS para sistema de saúde e inovação, Marie-Paule Kieny, as pessoas que receberam a vacina não apresentaram sintomas do vírus após a inoculação.
O teste envolveu ainda 6 mil pessoas adicionais, que foram acompanhadas mas não vacinadas. Neste grupo foram registrados 23 casos da doença.
"É a primeira vacina que mostrou ser eficaz", destacou Kieny.
Defesa para futuro surto
A vacina, desenvolvida pela Agência de Saúde Pública do Canadá e produzida pela farmacêutica americana Merck, chega 40 anos depois da identificação do vírus. Desde então, vários surtos já foram registrados – o último e pior de todos com 11,3 mil mortos na Guiné, Serra Leoa e Libéria.
"Embora esses resultados sejam convincentes, chegam muito tarde para aqueles que morreram na epidemia de ebola no oeste da África. Quando aparecer o próximo surto, teremos a defesa", comentou Kieny, que ressaltou ainda que a vacina previne a infecção de um dos agentes patógenos mais letais já conhecidos.
A vacinação teste em Guiné foi feita com enfoque de "anéis", que implicava identificar todas as pessoas do círculo do doente. E depois eram identificados os que tiveram contato com esses últimos, o que em geral dava um grupo de 80 indivíduos por cada caso reconhecido. Foi por meio dessa estratégia que no passado foi alcançada a erradicação da varíola no mundo.
A imunização por meio da nova vacina pode ser feita em crianças a partir dos seis anos de idade, conforme os resultados verificados pela OMS. O que ainda falta verificar é o tempo de duração da imunidade com a vacina, da qual só se requer uma dose para que seja efetiva.
Kieny disse que agora está sendo preparado o expediente para submeter o medicamento ao processo de registro nos Estados Unidos e na União Europeia para que a vacina chegue ao mercado até 2018.
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