Terroristas queriam explodir bombas em trens durante a Copa
2 de setembro de 2006Os planos iniciais previam que a explosão das bombas em duas malas encontradas em 31 de julho em dois trens regionais alemães acontecesse já durante a Copa do Mundo, realizada de 9 de junho a 9 de julho último, segundo o jornal Westdeutsche Allgemeine, que cita fontes dos órgãos alemães de segurança. Os dois principais suspeitos presos teriam adiado o plano, temendo os riscos e as consequências, prossegue o jornal.
No dia 31 de julho, dois homens de origem libanesa teriam depositado malas com bombas em dois trens na estação ferroviária de Colônia, que não explodiram por um problema técnico. Os dois suspeitos foram identificados através de vídeos gravados na estação. Youssef Mohammad foi preso no norte da Alemanha, e Jihad Hamad entregou-se à polícia no Líbano.
Segundo o presidente do Departamento Federal de Investigações (BKA), Jörg Ziercke, a motivação dos dois supostos terroristas estava ligada às caricaturas do profeta Maomé publicadas na Dinamarca em setembro de 2005 e reproduzidas depois em alguns jornais alemães.
Caricaturas e morte de líder terrorista
Segundo Ziercke, em declarações feitas à revista alemã Focus, Youssef Mohammad interpretou as caricaturas como "um ataque do mundo ocidental ao Islã". Outro motivo teria sido o assassinato do líder terrorista Abu Mussab Al Sarkawi, em junho, no Iraque.
"Os dois principais suspeitos acreditavam que o terrorismo internacional havia perdido um de seus principais líderes", afirmou Ziercke, baseando-se em depoimento prestado por Jihad Hamad no Líbano .
Embora ambos os suspeitos presos tivessem uma "certa ideologia básica", sua radicalização teria ocorrido somente na Alemanha, através da propaganda da Al Qaeda via internet, de onde tirado informações para a construção das bombas. "Apenas num ponto as bombas divergiram das instruções encontradas pelos investigadores, e aí esteve o erro", afirmou Ziercke.
O presidente do BKA contestou, no entanto, que os supostos responsáveis pelas tentativas de atentados sejam amadores. "Ambos estavam convictos de que seu plano daria certo." Eles não agiram espontaneamente, garantiu Ziercke, acrescentando que "estudaram os horários de trens da Deutsche Bahn durante semanas, se não já desde o início da polêmica sobre as caricaturas".