Templo de Walhalla
28 de agosto de 2010Na mitologia nórdico-germânica, o Walhalla (ou Valhala) era o local onde eram recebidos os guerreiros vikings caídos em batalha. Com base nesse mito, criou-se no início do século 19, nas proximidades de Regensburg, Baviera, o Templo de Walhalla.
Inspirado no Partenon de Atenas, ele expressa a procura da Alemanha por um símbolo nacional. Na época, Napoleão acabara de selar suas vitórias. O Sagrado Império Romano da Nação Germânica estava abatido e sua paisagem política esfacelada. A recém-fundada Confederação Germânica estava imersa em um sentimento de profunda humilhação.
Como reação decidiu-se criar um local em homenagem aos heróis da pátria, tanto no campo de batalha como no das ideias. Logo se encontrou um nome adequado – Walhalla – e os primeiros bustos foram projetados. A busca de um local condizente levou, no entanto, vários anos.
Panorama de grandes nomes
Em 1830 foi finalmente lançada a pedra fundamental no Monte Bräuberg, às margens do Rio Danúbio. A construção do projeto do arquiteto Leo von Klenze levou 12 anos. O templo seria inaugurado em 12 de outubro de 1842.
Paredes de mármore de cor salmão dominam o saguão elevado. Cariátides sustentam a estrutura dourada do teto, figuras da mitologia germânica ornamentam o espaço logo abaixo, e seis deusas da vitória estão distribuídas entre os 130 bustos de mármore expostos.
Estes compõem um panorama dos grandes nomes das ciências naturais e humanas, literatura, música e artes plásticas alemãs. Acima dos bustos, 65 placas memoriais recordam aquelas personalidades para as quais não há imagens autênticas. O edifício é propriedade do estado da Baviera.
Reforma custosa
Atualmente, o Templo de Walhalla está sendo saneado, a um custo superior a 11 milhões de euros. Desde 2004 vêm sendo reparados suas escadas e terraços, seriamente danificados pela ação da água.
Os interiores também estão em obras, assim como diferentes partes do telhado de cobre, que – submetidas a fortes oscilações de temperatura – se expandem de forma desigual, causando fissuras e deformações.
Somente em 2013 o monumento deverá estar completamente reformado, porém o Saguão da Fama permanece sempre aberto ao público.
Seleção rigorosa
Todo alemão tem direito de indicar seu candidato ao Panteão nacional. No entanto, somente a cada cinco ou sete anos o rol dos homenageados é ampliado, após longo e rigoroso processo de seleção pelo governo estadual bávaro. Além disso, quem indicar o novo "herói" deve estar preparado para arcar com os custos do busto de mármore.
Até hoje apenas as personalidades mais marcantes do país foram admitidas no Walhalla, no mínimo 20 anos após sua morte. Até mesmo Heinrich Heine (1797-1856) teve que esperar 154 anos até receber tal distinção, no segundo semestre de 2010.
Ao lado do celebrado poeta, a mais recente presença para o Saguão da Fama é a freira Edith Stein, assassinada no campo de concentração de Auschwitz. Juntamente com a reforma do templo, essas duas novas aquisições recuperam certo interesse pelo Templo de Walhalla, o qual, na realidade, estava bastante esquecido pelos alemães.
Autoria: Marcel Kehrer / Augusto ValenteRevisão: Simone Lopes