Temer escolhe Aloysio Nunes para Itamaraty
2 de março de 2017O presidente Michel Temer indicou o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) para chefiar o Ministério das Relações Exteriores. O convite foi formalizado nesta quinta-feira (02/03). Nunes vai assumir a vaga que era ocupada até a semana passada por outro senador tucano, José Serra, que pediu demissão alegando motivos de saúde.
A entrada de Nunes no ministério deixa vaga a posição de líder do governo no Senado, que vinha sendo ocupada por ele desde junho do ano passado. A posse do novo ministro deve ocorrer na semana que vem, junto com a do novo ministro da Justiça, Osmar Serraglio (PMDB-PR).
Suspeitas
Tal como seu antecessor no cargo de ministro, Nunes foi citado na delação de um empresário preso pela Operação Lava Jato e é alvo de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), que apura suspeita de crime eleitoral.
O empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC, declarou que Nunes recebeu 500 mil reais da sua empresa para a sua campanha ao Senado em 2010. Destes, 300 mil foram contabilizados oficialmente e 200 mil entraram via caixa dois. O empresário afirmou ainda que as doações eram pagamentos de propina para obtenção de contratos com a Petrobras.
Nunes nega que tenha recebido dinheiro ilegal.
Trajetória
Nascido em 1945, Nunes é advogado formado pela Universidade de São Paulo (USP), com pós-graduação em ciência política e economia política pela Universidade de Paris.
Hoje um tucano, Nunes tem um passado revolucionário. Durante o regime militar (1964-1985), militou na Aliança Libertadora Nacional (ALN), o grupo armado de orientação marxista fundado por Carlos Marighella.
Nunes chegou inclusive a atuar como motorista do líder guerrilheiro e tomou parte em ações armadas como um assalto a um trem pagador no interior de São Paulo em 1968. Depois disso, permaneceu no exílio até 1979. Ao retornar, ingressou no PMDB.
Pelo partido, foi deputado estadual e federal e chegou a ocupar o cargo de vice-governador na gestão de Antônio Fleury (1991-1994). Em 1992, perdeu a disputa pela prefeitura de São Paulo.
Em 1997, deixou o PMDB e ingressou no PSDB. Com os tucanos na Presidência, ocupou o cargo de Ministério da Justiça por menos de quatro meses entre 2001 e 2002. Depois disso, voltou à Câmara como deputado federal.
Próximo de José Serra, Nunes ocupou o cargo de secretário durante os mandatos do colega de partido como prefeito de São Paulo (2005-2006) e posteriormente governador do estado (2007-2010).
Em 2010, foi eleito senador por São Paulo com mais de 11 milhões de votos. Em 2014, foi indicado como candidato a vice-presidente na chapa encabeçada pelo também tucano Aécio Neves, que acabou sendo derrotada por Dilma Rousseff e Michel Temer.
No Senado, comandou a Comissão de Relações Exteriores. Dias após o impeachment de Dilma Rousseff ter passado na Câmara, Nunes foi uma das primeiras pessoas a defender no exterior Temer das acusações de "golpe" que estavam sendo difundidas pelo PT. Em um encontro em Washington, disse que o "golpe" havia sido "a corrupção da Petrobras".