Telekom teve prejuízo de € 3,5 bi em 2001
22 de abril de 2002O diretor-presidente da Telekom, Ron Sommer, terá uma missão difícil, nesta terça-feira (23): explicar aos acionistas o prejuízo de 3,5 bilhões de euros contabilizado pela empresa em 2001. Pela primeira vez, desde o lançamento de suas ações na bolsa de valores em 1996, a maior empresa de telecomunicações da Europa opera no vermelho. Em 2000, ela ainda conseguira evitar um saldo negativo, graças à venda de imóveis e participações.
Segundo os analistas, os dados preliminares revelam que os maiores furos de caixa foram causados pelo serviço da dívida da empresa, a compra da operadora de telefonia celular VoiceStream (EUA) e a aquisição de licenças para utilização das freqüências de UMTS.
Magia dos números
– O analista Werner Stäblein, do banco BHF, de Frankfurt, no entanto, afirma que os número não são ameaçadores. "A Telekom e outras empresas do ramo investem quantias que só retornam (return of investiment) no prazo de 10 a 15 anos", diz. É o caso das compras da VoiceStream e das licenças de UMTS, que são amortizadas a longo prazo e reduzem os lucros.Ron Sommer insiste em apontar um número mágico: o resultado sem desconto de juros, impostos e amortizações. Desconsiderando-se as influências extraordinárias, neste caso, o saldo até melhorou 17% no ano passado, atingindo 15,1 bilhões de euros. Os analistas prevêem que o faturamento de 2002 deverá superar em mais de 10% o de 2001, que foi de 48,3 bilhões de euros.
Más notícias
– As previsões de crescimento, no entanto, não conseguem ocultar o fato de que a Telekom perde muito dinheiro com o pagamento de juros de sua dívida (€ 62,5 bi no final de 2001). Só no ano passado, a empresa teve de pagar 4,4 bilhões de euros aos seus credores.A Telekom já adiou por um ano sua ambiciosa meta de reduzir a dívida a 50 bilhões de euros até o final de 2001. O motivo foi o fracasso das negociações para a venda da rede de TV a cabo para o grupo norte-americano Liberty Media por 5,5 bilhões de euros e o clima ruim nas bolsas, que deve atrasar também a emissão de ações da subsidiária T-Mobile Internacional. São más notícias, sobretudo, para os pequenos acionistas da Telekom, que além de castigados pela queda na cotação da ação ainda sofrerão um corte nos dividendos.