Só um terço dos eleitores de Mélenchon apoia Macron
3 de maio de 2017A maioria dos seguidores da França Insubmissa, movimento do candidato derrotado da esquerda na eleição presidencial na França, Jean-Luc Mélenchon, pronunciou-se a favor do voto branco ou nulo no segundo turno, disputado entre o centrista Emmanuel Macron e a candidata da extrema direita Marine Le Pen.
Ao término de uma consulta pública por internet, da qual participaram 243.128 seguidores, 36,12% se pronunciaram pelo voto branco ou nulo, 34,83% por Macron e 29,05% pela abstenção, anunciou nesta terça-feira (02/05) o movimento do candidato da esquerda. A pesquisa não incluía a opção de voto em Le Pen.
Se os eleitores da França Insubmissa seguirem essa tendência, poderão causar danos graves à candidatura de Macron, que disputará o segundo turno contra Le Pen no próximo domingo. Em comunicado, a França Insubmissa afirmou que o objetivo da pesquisa não era sugerir uma opção de voto, mas refletir a opinião dos simpatizantes sobre suas opções no segundo turno.
Analistas políticos avaliam que o resultado da pesquisa indica que o número de votos brancos ou nulos poderá ser elevado, o que pode beneficiar Le Pen, uma vez que os eleitores da extrema direita são os que apresentam menores índices de abstenção.
Os eleitores de Mélenchon poderão ser o fiel da balança na eleição: o esquerdista, que ganhou popularidade na reta final do primeiro turno, obteve 7 milhões de votos, enquanto Macron teve 8,6 milhões e Le Pen, 7,6 milhões.
As tentativas da direita de angariar os votos dos esquerdistas no segundo turno – com um discurso voltado contra a globalização e o sistema financeiro – parecem não atrair uma parcela significativa desse eleitorado. Uma pesquisa do Instituto Ifop revelou que apenas 13% dos eleitores de Mélenchon estariam dispostos a votar em Le Pen. No entanto, outra pesquisa, do instituto Elabe, afirma que esse total é de 23%.
Macron sem apoio de Mélenchon
O favorito nas pesquisas lamentou não contar com o apoio do esquerdista para impedir uma vitória de Le Pen. Mélenchon havia pedido, sem sucesso, que Macron retirasse de seu programa a reforma trabalhista, como condição para que pudesse ganhar o apoio de seus eleitores.
O líder da França Insubmissa foi muito criticado por políticos de centro-direita e socialistas por não ter dado uma manifestação clara de voto a favor de Macron. "É extremamente chocante [Mélenchon] não ter uma posição mais clara sobre a Frente Nacional", afirmou a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, alertando que "há uma grande banalização da Frente Nacional" e que "existem vínculos entre os que colaboraram com os nazistas e os fundadores do partido".
O candidato conservador François Fillon, derrotado no primeiro turno, pediu a seus eleitores para que votem contra Le Pen, afirmando que seu projeto vai empobrecer de "forma irremediável" a França e isolar o país.
O levantamento mais recente divulgado pelo centro de pesquisas Cevipof sugere uma pequena diminuição da vantagem de Macron no segundo turno. O centrista teria 59% das intenções de voto contra 41% de Le Pen. A pesquisa Cevipof é uma das últimas de grande porte realizadas antes do segundo turno.
RC/efe/afp/rtr