Subvariantes BA.4 e BA.5 da ômicron se espalham pela Europa
23 de junho de 2022Com a chegada do verão, uma nova onda da variante ômicron do coronavírus ameaça a Europa. Os contágios crescentes comprometem a perspectiva de uma temporada de férias despreocupada.
Segundo o portal de estatísticas Our World in Data, o número de casos tem crescido em Portugal, Alemanha, França, Itália, Espanha, Grécia, Dinamarca e Holanda. Especialistas atribuem o acréscimo às novas subvariantes BA.4 e BA.5, mais contagiosas do que as anteriores, e ao abandono das medidas de segurança.
Portugal é o país mais afetado desde meados de maio, com a maior incidência de sete dias do continente, apesar da queda que vem se anunciando desde o início de junho. A subvariante BA.5 do coronavírus ômicron é responsável por 90% das novas infecções. A mortalidade também aumentou no país, o qual, na Europa Ocidental, apresenta o maior número de mortes por covid-19 em relação à população total.
Apesar das altas taxas de contágio, os hospitais não estão superlotados, e o índice de vacinação é alto, de 87%. Além disso, embora sejam mais contagiosas, as subvariantes em questão não são mais perigosas do que as anteriores. As autoridades de saúde portuguesas partem do princípio que o pico de contágios já passou.
Taxas altas na França e Itália
Desde meados de junho, também na França os casos de covid-19 vem aumentando rapidamente. No último domingo (19/06) – o dado mais recente disponível –, a taxa de incidência na média de sete dias estava em 481,7 para cada 100 mil habitantes.
Segundo o epidemiologista Antoine Flahault, diretor do Instituto de Saúde Global da Universidade de Genebra, falando à emissora Franceinfo, a curva epidemiológica da França cresce exponencialmente, ao que tudo indica numa nova onda desencadeada pelas subvariantes BA.4 e BA.5 da ômicron.
Não é fácil fazer prognósticos: enquanto na África do Sul a onda das novas subvariantes terminou após oito semanas, Flahault prevê de nove a sete semanas para Portugal e, pelo mesmo princípio, a França deve estar ocupada com o surto durante a maior parte dos três meses de verão.
Também na Alemanha, o Instituto Robert Koch (RKI), de prevenção de doenças, registrou 119.360 contágios com o coronavírus em 24 horas nesta quinta-feira. A incidência de novos casos em sete dias por 100 mil habitantes chegou a 532,9. O RKI atribui os novos casos à BA.4 e BA.5 e à suspensão das medidas de combate à pandemia.
O ministro alemão da Saúde, Karl Lauterbach, afirma que "não é o caso de podermos encarar esta onda de verão despreocupados e sem medidas de combate". Ele sugere novas precauções para o outono (setembro a dezembro), como uma grande campanha de vacinação.
Na Itália e na Grécia, a incidência média de sete dias igualmente cresceu. O Instituto Superior de Saúde (ISS) italiano voltou a acusar taxas de contágio de proporções epidêmicas. "É o nosso terceiro verão [da pandemia], e ainda não aprendemos nossa lição", criticou o ex-presidente do ISS Walter Ricciardi à agência de notícias ADNKronos.
Alta moderada na Espanha e Leste e Norte do continente
Na Espanha não se vê um aumento de contágios tão pronunciado como em outros países europeus, possivelmente também por o país só registrar oficialmente casos de covid-19 em pacientes maiores de 60 anos.
A incidência de sete dias para esse grupo etário era de 302 em 17 de junho, segundo o Ministério da Saúde. Em meados do mês, mais de 10% dos casos espanhóis se atribuíam às subvariantes BA.4 e BA.5.
No Leste e Norte da Europa, a incidência do novo coronavírus permanece relativamente baixa, apesar de o Our World in Data apontar um ligeiro crescimento. Na Suécia, em meados de junho, houve cerca de 1.900 casos de covid-19 em uma semana. Na Polônia, foram 285 em 24 horas.
Na Dinamarca, apesar das taxas baixas, a primeira-ministra Mette Frederiksen já anunciou nesta quarta-feira a oferta de uma quarta dose de vacina para maiores de 50 anos, pois os contágios aumentaram mais do que se esperava e a BA.5 já é a subvariante dominante.