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Struck busca distensão nos EUA

Roselaine Wandscheer

Ministro alemão da Defesa será recebido por Donald Rumsfeld e Condoleeza Rice. Na primeira viagem de um representante do governo alemão aos EUA após início da guerra no Iraque, Peter Struck quer normalizar as relações.

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Ministro social-democrata em missão difícilFoto: AP

Não só a posição contrária da Alemanha à invasão do Iraque, também a sugestão de criar um sistema europeu de defesa e segurança, apresentado na semana passada por Alemanha, França, Bélgica e Luxemburgo, foram interpretadas como afronta pelos Estados Unidos. Se, por um lado, os europeus buscam a consolidação de sua unidade e, com isso, uma União Européia mais forte e determinada, os EUA se sentem ameaçados pela rebeldia dos parceiros no Velho Continente.

À margem de um encontro informal da Organização do Tratado do Atlântico Norte com a Ucrânia, o secretário norte-americano da Defesa concedeu 40 minutos de sua agenda ao ministro alemão. Peter Struck salientou não precisar levar presentes na bagagem para facilitar as conversas com o secretário norte-americano da Defesa e a assessora de Segurança da Casa Branca. O alemão lembra, em tom de brincadeira, que tanto ele como Donald Rumsfeld têm raízes no norte da Alemanha, "onde as pessoas são conhecidas pelo seu temperamento exaltado".

Os espectadores tiveram uma prova de que a química entre ambos funciona na cúpula de segurança em Munique, no mês de fevereiro, logo após Rumsfeld ter equiparado a Alemanha a Cuba e à Líbia. Mesmo assim, observadores acreditam que dificilmente Struck deixará de apresentar alguma proposta interessante aos Estados Unidos.

Donald Rumsfeld und Peter Struck
Rumsfeld e Struck entenderam-se bem em MuniqueFoto: AP

Conhecido por sua forma direta, sem meias palavras, Struck lembrou que os EUA continuam gratos à Alemanha por esta ter disponibilizado mais de 4 mil soldados para proteger instituições norte-americanas durante a guerra no Iraque. Por outro lado, alemães e holandeses ajudaram os EUA, na medida em que assumiram o controle das tropas de paz no Afeganistão.

Struck vai reafirmar que a Alemanha não se arrepende de sua rejeição à guerra no Iraque. A missão do ministro alemão da Defesa em Washington engloba ainda a explicação do plano de uma União Européia de Defesa e Segurança, elaborado na última semana pela Alemanha, França, Bélgica e Luxemburgo.

Os Estados Unidos temem aí uma duplicidade com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Para Struck, o objetivo do plano é justamente aliviar os Estados Unidos, à medida em que fortifica os pilares europeus dentro da aliança atlântica.

Reação veio no final de semana

– A reação dos EUA foi anunciada no sábado, com a divisão do Iraque em três setores, entre norte-americanos, britânicos e poloneses. Isto não surpreendeu o governo de Berlim, pois a Alemanha sempre insistiu que só participaria do pós-guerra no Iraque se fosse sob o signo das Nações Unidas.

A rápida visita do ministro alemão a Washington serve também para organizar a passagem do secretário de Estado Colin Powell pela Alemanha provavelmente em meados de maio. De 19 a 22 de maio será a vez do ministro alemão da Economia e do Trabalho, Wolfgang Clement, ir aos Estados Unidos.

A Alemanha espera que até o início de junho as relações bilaterais estejam normalizadas e aguarda com ansiedade o encontro de cúpula do G-8, na França, com a presença dos chefes de governo Gerhard Schröder e George W. Bush.

Kissinger exige esforço simbólico

– O ex-secretário norte-americano de Estado, Henry Kissinger, conclamou o chanceler federal alemão a buscar o diálogo com o presidente dos Estados Unidos e exigiu maior compreensão com o seu país. "Depois do que aconteceu, seria bom se o primeiro esforço – pelo menos um gesto simbólico – partisse da Alemanha ou da França, disse Kissinger numa entrevista publicada no jornal alemão Welt am Sonntag.

Henry Kissinger
Henry KissingerFoto: AP

Na Europa, especialmente na Alemanha e na França, predomina a opinião de que os EUA têm um tipo de governo ilegítimo, com o qual não se pode trocar idéias, disse o ex-chefe do Conselho Nacional de Segurança. "Isto é falso. É preciso haver um diálogo sério com a pessoa que realmente coordena a política exterior dos Estados Unidos e esta pessoa é o presidente", salientou Kissinger.

Este diálogo, no entanto, exige que o lado alemão demonstre "certa compreensão para com a mentalidade e as convicções norte-americanas, assim como certa confiança nos objetivos dos Estados Unidos", complementou o ex-chefe da diplomacia norte-americana. O novo eixo entre Alemanha, Rússia e França foi tachado por Kissinger como uma "estranha constelação" contra os Estados Unidos, fadada ao fracasso.