Soldados russos reclamam de condições e pedem ajuda a Putin
12 de março de 2023Quase desde o início da invasão em grande escala da Rússia na Ucrânia há reclamações das tropas russas sobre a falta de treinamento e equipamentos. Em um novo vídeo divulgado nas redes sociais, soldados russos pedem socorro ao presidente russo, Vladimir Putin, diretamente da zona de guerra.
Na gravação, postada no Telegram e noticiada pela agência de notícias alemã DPA, o porta-voz do grupo reclama da falta de equipamentos e diz que os comandantes militares enviaram unidades despreparadas para a guerra. Ele se apresenta mascarado e cercado de um dezena de uniformizados, também com os rostos cobertos.
O soldado apela para que Putin, como comandante-em-chefe das Forças Armadas, cuide para que os comandantes militares façam seu trabalho. Ele reclama da falta de equipamentos e falta de liderança por parte dos comandantes. "Sabemos que não somos os únicos que aparecem com esse tipo de pedido", afirma, alegando que está "na região de Donetsk".
Putin não visitou campo de batalha
Ele reivindica que Putin cuide da situação no local, não somente no papel. Até agora, Putin não visitou as tropas na zona de combate – ao contrário do presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, que fez visitas ocasionais ao front.
O homem reclama que há falta de equipamentos, como dispositivos de visão noturna, para cumprir as tarefas de combate. Outros combatentes, assim como esposas, mães e irmãs de soldados já havia reclamado das condições precárias das tropas russas em manifestações públicas.
O porta-voz acusa os comandantes de ignorarem o decreto presidencial, empregando unidades despreparadas nas tropas de assalto. "A liderança do nosso regimento não dialoga conosco, nos intimida e nos ameaça de prisão se nos recusamos a combater e se não formos para a primeira linha de frente", reclama.
"Risco injustificado"
O homem reclama que muitos combatentes morrem sem sentido devido à falta de apoio através de trabalho de inteligência e falta de comunicação com outras unidades.
O homem ressalta que a idade média das unidades é de 40 anos e que muitos têm ação restrita por problemas de saúde. "Não nos recusamos a cumprir as tarefas de defesa territorial. Nós recusamos correr um risco injustificado – com metralhadoras contra tanques, contra morteiros e atiradores de elite", disse.
Após meses de combates intensos no leste da Ucrânia, ambos os lados reclamam falta de munição. Na batalha por Bakhmut, cidade em grande parte destruída, tanto os russos em torno dos mercenários do Grupo Wagner assim como os defensores ucranianos pedem mais munições.
Pedidos por munição de ambos os lados
Apesar de todas as reclamações, os combates continuam com severidade inalterada. O leste de Bakhmut está, de acordo com especialistas britânicos, em grande parte sob controle dos russos. No entanto, Kiev não quer abrir mão da defesa da cidade.
O comandante-em-chefe ucraniano, Valeriy Zalushnyi, pediu novas munições e mais equipamentos durante um telefonema com o chefe de gabinete dos EUA, Mark Milley. Além disso, ele afirmou que a defesa antiaérea de seu país deve ser fortalecida, de acordo com informações oficiais.
O ministro ucraniano do Exterior, Dmytro Kuleba, disse em entrevista publicada neste domingo (12/03) pelo jornal Bild am Sonntag que a falta de munição é o problema "número um" na luta contra os ocupantes russos. "A Alemanha poderia realmente ajudar mais com a munição. Com munição de artilharia", afirmou.
No entanto, projéteis de artilharia e cartuchos também estão faltando para os mercenários russos do Grupo Wagner, de acordo com informações de seu chefe, Yevgeny Prigozhin. Para a batalha por Bakhmut, suas tropas precisam todos os meses de 10 mil toneladas de munição, disse Prigozhin em um vídeo, em que demanda reabastecimento urgente.
O vídeo supostamente o mostra no telhado de um casa em Bakhmut. No entorno, é possível ver muitas casas e ruas destruídas.
Avanço russo trava em Bakhmut
Segundo um think tank dos EUA, o avanço da Rússia parece ter parado na campanha de Moscou para capturar Bakhmut.
Numa avaliação da batalha terrestre mais longa dessa guerra, o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês), com sede em Washington, disse que não houve nenhum avanço confirmado pelas forças russas em Bakhmut.
De acordo com a instituição, forças russas e unidades do grupo paramilitar Wagner, controlado pelo Kremlin, continuam a lançar ataques terrestres contra a cidade, mas não houve evidência de que eles foram capazes de fazer qualquer progresso, afirmou o ISW neste sábado.
md (DPA, AP)