Sem apoio político
3 de novembro de 2011Apenas três dias após surpreender líderes europeus com o anúncio de um referendo sobre o pacote de ajuda europeu à sua fragilizada economia, o primeiro-ministro George Papandreou cancelou, nesta-quinta-feira (03/11), a consulta popular.
O chefe do governo grego sofreu forte pressão política para abandonar a ideia, que levou apreensão aos mercados financeiros devido ao risco de a Grécia ter que deixar a zona do euro e declarar default.
O líder da oposição, Antonis Samaras, exigiu que um governo de transição administre o país até a realização de eleições antecipadas. Papandreou afirmou, após conversas em Atenas com a oposição de centro-direita, que está disposto a formar um governo de transição para implementar o novo pacote de ajuda à Grécia e a falar sobre novas eleições.
Pressão em Atenas
Durante um encontro emergencial nesta manhã com o primeiro escalão de seu governo, Papandreou viu-se sem o apoio de vários de seus ministros, que defenderam a formação de um governo de coalizão.
O ministro grego de Finanças, Evangelos Venizelos, se declarou abertamente contrário ao referendo, ressaltando que a entrada da Grécia na zona do euro foi "uma conquista histórica, a qual o país não pode colocar em dúvida".
A oposição e também a base do governo socialista haviam defendido que o chefe do governo grego renunciasse ao cargo, que ocupa desde outubro de 2009, e que um novo governo de coalizão aprovasse imediatamente o resgate – e com ele as condições impostas pelos países-membros da zona do euro.
Pressão em Cannes
Sem a injeção de recursos europeus, a economia grega ficaria à beira de um colapso, o que traria sérias consequências para os Estados-membros da zona do euro. A crise da dívida foi tema dominante em Cannes nesta quinta-feira, primeiro dia do encontro de cúpula do G20.
Ao anunciar o referendo na última segunda-feira, Papandreou também havia anunciado sua disposição em se submeter ao voto de confiança no Parlamento, o que está marcado para esta sexta-feira.
O Banco Central Europeu baixou nesta quinta-feira para 1,25% sua taxa básica de juros. Especialistas acreditam que a medida tenha sido antecipada devido à situação na Grécia. A decisão do recém-empossado presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, tem como objetivo estimular a enfraquecida economia dos Estados-membros.
MS/rtr/dpa
Revisão: Roselaine Wandscheer