Situação na Península da Coreia torna-se volátil
4 de setembro de 2017A suposta detonação de uma bomba de hidrogênio pela Coreia do Norte no último fim de semana – o sexto teste nuclear realizado pelo país até o momento – desencadeou reações duras por parte dos Estados Unidos e da Coreia do Sul.
Segundo o governo norte-coreano, o artefato termonuclear testado pode ser instalado em um míssil intercontinental, o que, se confirmado, representaria um importante e perigoso avanço em suas capacidades militares.
Em resposta ao teste, Seul realizou exercícios com fogo real, nos quais ensaiou ataques a instalações nucleares norte-coreanas, incluindo o disparo de mísseis.
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Nesta segunda-feira (04/09), o Ministério da Defesa da Coreia do Sul alertou que a Coreia do Norte iniciou preparativos para lançar outro míssil balístico intercontinental (ICBM, na sigla em inglês) a qualquer momento.
Segundo o ministério, Estados Unidos e Coreia do Sul planejam posicionar um porta-aviões nuclear, vários bombardeiros e outros equipamentos estratégicos na península coreana, incluindo a controversa implantação do Terminal de Defesa Aérea para Grandes Altitudes (Thaad), que irritou a China e que fora adiada desde junho. Pequim classifica o poderoso escudo antimísseis dos Estados Unidos de uma ameaça à sua segurança.
Além disso, o Exército sul-coreano realizará manobras com fogo real da qual participarão caças F-15K equipados com mísseis de ar-terra Taurus, segundo informação do Ministério sul-coreano no seu relatório à Assembleia Nacional (Parlamento), publicado pela agência local Yonhap.
"Todos os meios, inclusive atômicos"
Após a nova provocação norte-coreana, o presidente dos EUA, Donald Trump, reiterou a determinação de seu governo de "defender os EUA e seus aliados com todos os meios disponíveis: diplomáticos, convencionais e atômicos".
Após uma reunião com Trump, o secretário de Defesa dos EUA, Jim Mattis, apontou que os EUA não buscam uma aniquilação total da Coreia do Norte, mas que têm muitas opções para fazê-lo.
O Conselho de Segurança da ONU convocou para esta segunda-feira uma sessão extraordinária para debater novas sanções contra a Coreia do Norte. Diplomatas informaram que o órgão poderia agora considerar a proibição das exportações de têxteis de Pyongyang e da companhia aérea nacional, suspender o abastecimento de petróleo para o governo e para o setor militar do país, impedir que norte-coreanos trabalhem no exterior e incluir funcionários de alto escalão em uma lista negra para sujeitá-los a congelamento de ativos e proibições de viagem.
Após conversa telefônica, o ministro japonês do Exterior, Taro Kono, e o secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, concordaram, que Japão e Estados Unidos devem "exercer pressão máxima" sobre a Coreia do Norte após o sexto teste nuclear do país.
O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, e o premiê japonês, Shinzo Abe, por sua vez, concordaram que a ONU deve definir sanções mais duras. "Ambos concordaram em cooperar estreitamente entre si e com os Estados Unidos e compartilham o entendimento de que devem ser aplicadas sanções mais duras contra a Coreia do Norte", afirmou um porta-voz do governo sul-coreano.
Protesto chinês
Segundo Seul, o teste anunciado no domingo pela Coreia do Norte provocou uma explosão cinco vezes maior que a do último teste, há um ano, e que pode ser sentida em cidades chinesas a centenas de quilômetros da fronteira norte-coreana.
A China, principal parceiro comercial de Seul, enviou um protesto oficial à representação diplomática chinesa da Coreia do Norte após o teste nuclear de Pyongyang.
"A China se opõe ao desenvolvimento de mísseis nucleares pela Coreia do Norte e estamos comprometidos com a desnuclearização da península. Esta posição é bem conhecida, e a Coreia do Norte também conhece esta posição perfeitamente", disse o porta-voz do Ministério do Exterior chinês, Geng Shuang, em entrevista coletiva.
"A Coreia do Norte deve estar bastante certa disso, então esperamos que todas as partes – especialmente o lado norte-coreano – possam exercer restrições e abster-se de aumentar as tensões", complementou.
Geng não disse se Pequim, que por muito tempo hesitou em colocar pressão econômica sobre Pyongyang, apoiaria novas sanções ao regime.
MD/dpa/rtr/efe/afp