Sete pessoas morrem em caos no aeroporto de Cabul
22 de agosto de 2021Sete civis afegãos morreram em meio à multidão que se formou no entorno do aeroporto internacional de Cabul, no meio do caos dos que tentam fugir da tomada de poder pelos talibãs, informaram autoridades britânicas neste domingo (22/08).
O Ministério da Defesa do Reino Unido informou através de nota que "as condições no terreno continuam extremamente desafiadoras", e que está sendo feito "tudo o que é possível para gerir a situação da forma mais segura possível".
"Nossos pensamentos sinceros estão com as famílias dos sete civis afegãos que infelizmente morreram em multidões em Cabul", acrescentou o Ministério da Defesa britânico.
Desde que os militantes islâmicos entraram em Cabul no fim de semana passado,
milhares de pessoas tentaram embarcar em voos para o exterior. Até a sexta-feira, ao menos 12 pessoas haviam morrido em confrontos no aeroporto e em seu entorno.
Pessoas imprensadas
Um correspondente da emissora Sky News no aeroporto disse que dezenas de milhares de afegãos se aglomeravam no sábado no lugar quando pessoas foram imprensadas contra barricadas.
A Sky News mostrou imagens de soldados sobre um muro tentando puxar os feridos da multidão e molhando pessoas com uma mangueira para evitar que fiquem desidratadas.
O aeroporto tem sido o ponto de encontro de milhares de pessoas que tentam fugir dos talibãs, que invadiram Cabul há uma semana depois de um avanço relâmpago tomou o país.
"Ameaças à segurança"
Em boletim publicado no sábado, a Embaixada dos Estados Unidos no Afeganistão tinha instado os cidadãos americanos no Afeganistão a evitarem deslocar-se rumo ao aeroporto de Cabul, devido a "potenciais ameaças à segurança". Um funcionário da Casa Branca, citado pela agência de notícias AFP, informou que o presidente americano, Joe Biden, discutiu o tema com funcionários da administração.
"Aconselhamos os cidadãos americanos a não viajarem para o aeroporto e a evitarem os portões do aeroporto neste momento, a menos que recebam instruções individuais de um funcionário do governo dos EUA", escreveu a embaixada.
O porta-voz do Pentágono, John Kirby, se recusou a dar mais informações sobre a natureza das ameaças, dizendo apenas que a situação na capital afegã é muito "flutuante" e que os riscos podem evoluir "de hora a hora".
"Continuamos a ter comunicações regulares com os líderes talibãs em Cabul, incluindo os responsáveis pelos pontos de passagem no aeroporto", disse o porta-voz à imprensa.
Os Estados Unidos retiraram cerca de 17 mil pessoas do país desde que a operação de resgate começou, em 14 de agosto, incluindo 2.500 cidadãos americanos, disse no sábado o subdiretor de logística do Estado-Maior das Forças Armadas dos EUA, general Hank Taylor.
Trump elogia talibãs
O presidente americano foi alvo de críticas pela situação caótica nas operações de resgate.
Em comício realizado neste sábado no Alabama, o ex-presidente Donald Trump acusou Biden de "incompetência grosseira", no que classificou de "a maior humilhação em política externa da história" dos EUA, elogiando os talibãs, que considerou "grandes negociadores" e "combatentes duros".
Foi sob a liderança de Trump que os EUA assinaram um acordo com o Talibã, em fevereiro de 2020, ao abrigo do qual Washington aceitou retirar as forças militares do Afeganistão.
Em troca, os talibãs se comprometeram a iniciar negociações de paz com o governo afegão, a abster-se de atacar as forças americanas e os seus interesses no Afeganistão e a cortar todos os laços com a Al-Qaeda.
Os talibãs conquistaram Cabul no dia 15 de agosto, culminando uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares dos EUA e da Otan.
As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista, que acolhia no seu território o líder da Al Qaeda, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.
A tomada da capital põe fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e dos seus aliados na Otan.
md (Lusa, AFP, Reuters)