Jornalista foi espionada
21 de abril de 2008Uma repórter da revista Der Spiegel foi durante meses vigiada pelo serviço secreto alemão. O Serviço Federal de Informações (BND) acompanhou de junho a novembro de 2006 a troca de e-mails entre a jornalista Susanne Koelbl e um político afegão, segundo reportagem da própria revista publicada neste domingo (20/04).
Na sexta-feira passada, o chefe do BND, Ernst Uhrlau, informou a jornalista sobre a espionagem e pediu-lhe desculpas. Koelbl trabalha há muitos anos como correspondente no Afeganistão para a Spiegel. De acordo com a revista, o caso será analisado nesta quarta-feira pelo Grêmio Parlamentar de Controle do Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão).
Conforme a editora de Koelbl, a Random House, a jornalista escreve sobre assuntos relacionados ao Afeganistão desde a queda do regime talibã e tem acesso a praticamente todas as pessoas do governo de Cabul.
Escândalo anterior
O vice-presidente do grêmio, deputado Max Stadler, do Partido Liberal Democrático (FDP), exigiu que o caso seja esclarecido. "Os direitos fundamentais também valem para os alemães no exterior, e nesse caso houve, sem dúvida, um ataque à liberdade de imprensa", declarou ao jornal Tagesspiegel.
Ele lembrou que, após os recentes escândalos de espionagem de jornalistas envolvendo o BND, o serviço secreto deveria ter adotado uma postura mais crítica em relação ao tema. Para o deputado da CSU Hans-Peter Uhl, o BND deve explicar por que os e-mails da jornalista foram lidos.
O caso comprova que o BND manteve o hábito de espionar jornalistas após 2005. Em novembro daquele ano, a imprensa denunciou que agentes do serviço secreto alemão haviam espionado jornalistas. Um relatório divulgado em 2006 pelo Bundestag confirmou as denúncias. Na época, sabia-se que a espionagem havia sido feita até 2005.