Separatistas proclamam "Pequena Rússia" na Ucrânia
18 de julho de 2017O líder da autodenominada República Popular de Donetsk, Alexander Zakharchenko, proclamou nesta terça-feira (18/07) a criação de um novo Estado que incluiria as regiões separatistas do leste da Ucrânia e também o restante do país.
Zakharchenko anunciou na cidade de Donetsk, reduto dos separatistas pró-Rússia, que o novo Estado vai se chamar Malorossiya (Pequena Rússia), terá Donetsk como capital e haverá um período de transição de três anos para a sua criação.
De acordo com o anúncio – que Zakharchenko fez com seu habitual uniforme militar, como mostram as imagens de um vídeo divulgado pela imprensa russa – o novo Estado não abrangerá só as regiões rebeldes de Donetsk e Lugansk, mas "outras 19 regiões" de toda Ucrânia, incluída a de Kiev.
"Nós, representantes das regiões da antiga Ucrânia, exceto a Crimeia, proclamamos a criação do novo Estado, que será o sucessor da Ucrânia", anunciou Zakharchenko, que chamou o governo em Kiev de ilegítimo. Segundo ele, a Ucrânia é "um Estado falido, que demonstrou sua incapacidade de proporcionar a seus habitantes um presente e um futuro próspero e em paz".
As autoridades de Donetsk criarão uma comissão para preparar a Constituição do novo Estado de Malorossiya, segundo os separatistas, e essa Constituição será submetida a referendo.
Moscou ainda não reagiu ao surpreendente anúncio dos separatistas, que em 2014, após a anexação da península da Crimeia pela Rússia, iniciaram uma guerra contra o governo em Kiev, no leste do país. O conflito já deixou cerca de 10 mil mortos.
O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, respondeu à iniciativa garantindo que Kiev restabelecerá a soberania sobre as regiões de Donetsk e Lugansk, bem como sobre a Crimeia. "O projeto de Malorossiya foi enterrado", disse Poroshenko.
O governo alemão afirmou que a proposta é "totalmente inaceitável". "O senhor Zakharchenko não tem legitimidade para falar em nome da Ucrânia. Esperamos que a Rússia condene imediatamente este passo e que nem o respeite e nem mesmo o reconheça", afirmou um porta-voz à DW.
AS/efe/ap/dpa