Foi o último teste da seleção alemã antes da Copa do Catar. O jogo entre Inglaterra e Alemanha pela Liga das Nações representava apenas o cumprimento de tabela, mas mesmo assim tinha lá sua importância. Os técnicos Gareth Southgate e Hansi Flick tiveram a última oportunidade antes do Mundial de avaliar suas equipes. Nenhum dos dois ficou satisfeito com o que viu. Mais dúvidas que certezas, mais sombras que luzes continuam pairando sobre as duas seleções.
Especialmente a Alemanha decepcionou. No segundo tempo vencia um inofensivo English Team por 2x0, e a vitória em Wembley parecia certa. Ledo engano. Deu um branco geral nos alemães, e os ingleses, em apenas dez minutos, viraram o jogo. Não fosse o gol de Havertz ao apagar das luzes, empatando a partida, e a Alemanha embarcaria para o Catar, em meados de novembro, com duas derrotas consecutivas na bagagem.
Assim como na derrota (0x1) frente à Hungria, o time de Hansi Flick evidenciou flagrantes fraquezas estruturais, seja no ataque, seja na defesa, que, por sinal, pela primeira vez sofreu três gols desde que Flick assumiu. Nos dois jogos alimentou sérias dúvidas sobre seu potencial ofensivo, e ficou evidente quanta falta faz um atacante de ofício.
Resumo da ópera: em seis dos últimos sete jogos, a tetracampeã mundial só venceu um. Foi contra a seleção B da Itália. De resto, foram cinco melancólicos empates e uma desastrosa derrota que custou à Alemanha a chance de disputar a semifinal da Liga das Nações.
Em todas as partidas do torneio, a seleção alemã escancarou seus pontos fracos: a ineficiente construção de jogadas, o desperdício de chances claras de gol, o fraco jogo pelas laterais, tanto defensiva como ofensivamente, o não aproveitamento de jogadas ensaiadas de bola parada.
Se na partida contra a Hungria praticamente ninguém se destacou, contra a Inglaterra dois jovens talentos são dignos de menção: Kay Havertz e Jamal Musiala. Havertz pelos seus dois gols e seu exuberante talento, Musiala por seus dribles desconcertantes e sua criatividade.
Mas foi só. Muitos jogadores do suposto time titular estão aquém de sua melhor forma técnica. A começar pela defesa.
O lateral esquerdo David Raum expôs bem mais seus pontos fracos do que suas qualidades. Jonas Hofmann, pelo lado direito, também não convenceu, seja defensiva, seja ofensivamente. Na zaga, Niko Schlotterbeck continua não inspirando muita confiança – cometeu o pênalti em Bellingham que resultou na temporária virada de placar pelos ingleses.
O atacante Timo Werner se cansa de perder oportunidades claras de gol e está num poço sem fundo no que se refere à sua suposta competência. Seu colega de ataque Serge Gnabry também vai mal. Leroy Sané, no Bayern elogiado à exaustão, não conseguiu confirmar sua boa forma jogando pela seleção.
No meio campo, o que se vê são dois jogadores esforçados: Joshua Kimmich e Ilkay Gündogan. Dizer isso desses dois craques é muito pouco, mas não há mais nada a dizer pelo que ambos fizeram ou deixaram de fazer contra Hungria e Inglaterra.
Faltam pouco menos de dois meses para a estreia da Alemanha na Copa. Será contra o Japão em 23 de novembro. O elenco se reunirá nove dias antes e disputará um teste contra a seleção de Omã durante o período minimalista de preparação.
Hansi Flick, logo depois da partida contra a Inglaterra, afirmou que sua missão agora será assistir in loco a maior quantidade possível de jogos da Bundesliga e da Champions League, além de manter contatos virtuais com jogadores "selecionáveis".
O treinador, junto com sua comissão técnica, tem a obrigação de tirar as devidas lições do medíocre rendimento de seus comandados na Liga das Nações e estruturar o time de tal forma que os talentos individuais formem um coletivo competitivo.
A torcida alemã, preocupada, espera que surja logo uma luz no fim do túnel e que não se repita o vexame de 2018.