Segundo Datafolha, 62% são a favor de novas eleições
21 de julho de 2016Uma pesquisa do Instituto Datafolha sobre a avaliação do presidente interino Michel Temer ganhou grande repercussão no último domingo (17/07), quando o jornal Folha de S. Paulo publicou na capa um infográfico mostrando que 50% da população preferem manter Temer no governo até 2018 e 32% defendem a volta de Dilma Rousseff. Nesse gráfico, a opção "Eleições" aparece com apenas 3%.
O gráfico não deixa claro que esses 3% deram uma resposta espontânea a uma pergunta que oferecia apenas duas opções: a continuidade de Temer ou a volta de Dilma. Quando questionados especificamente se seriam a favor de ambos Temer e Dilma renunciarem para a convocação de novas eleições, 62% dos entrevistados disseram que sim. Em abril, esse percentual era de 79%.
Essa questão, porém, foi deixada de lado na notícia publicada pelo jornal. A omissão causou polêmica e foi questionada pelo site de notícias The Intercept, do jornalista americano radicado no Rio de Janeiro Glenn Greenwald. Em matéria co-assinada pelo jornalista Erick Dau, Greenwald cita a pesquisadora do Datafolha Luciana Chong, a qual afirmou que "qualquer análise desses dados que alegue que 50% dos brasileiros querem Temer como presidente seria imprecisa, sem a informação de que as opções de resposta estavam limitadas a apenas duas."
Diante da polêmica, a Folha publicou nova matéria nesta quarta-feira, reafirmando que tanto o jornal como o instituto agiram com transparência e que os 3% foram destacados por se tratar de um número significativo de pessoas que mencionaram novas eleições de forma espontânea.
O editor-executivo da Folha, Sérgio Dávila, defendeu que é prerrogativa da redação do jornal escolher o que acha jornalisticamente mais relevante no momento em que decide publicar a pesquisa. "O resultado da questão sobre a dupla renúncia de Dilma e Temer não nos pareceu especialmente noticioso por praticamente repetir a tendência de pesquisa anterior e pela mudança no atual cenário político, em que essa possibilidade não é mais levada em conta", argumentou Dávila na matéria publicada pela Folha.
AS/ots