Schröder: "Estamos vivendo o romper de um novo tempo"
31 de dezembro de 2001O significado do início da circulação do euro e o novo papel da Alemanha no mundo são os temas centrais da mensagem de Ano Novo do chanceler federal alemão, Gerhard Schröder, transmitido nesta segunda-feira facultativamente pelas emissoras de rádio e televisão do país. "Estamos vivendo o romper de um novo tempo, com o qual as pessoas sonham há séculos na Europa: liberdade de viajar sem fronteiras e pagar com uma moeda comum", diz o social-democrata.
Schröder admite que também irá se despedir com um pouco de tristeza do marco alemão. "Nós associamos o marco com os bons tempos da República Federal. Mas vocês podem estar certos: outros melhores ainda virão", promete o chanceler, que afirma só haver "conflitos no máximo entre burocratas, mas não mais entre cidadãos da União Européia".
Modelo e novo papel mundial
– O chefe de governo alemão vê a unificação européia como um modelo para o mundo. "Após guerras sangrentas, nos reconciliamos com nossos vizinhos, nos permitimos a união." Schröder acredita que a Alemanha tem obrigação de usar sua experiência para ajudar a viabilizar a paz em outras regiões.O social-democrata ressalta que o país deve assumir maiores responsabilidades no cenário mundial. "No ano passado, tivemos de aprender que a comunidade internacional espera mais da Alemanha do que até então: que ela aplique seu peso econômico e político na solução de conflitos além das próprias fronteiras. Não nos é mais permitido ficar à margem. Também não quando a diplomacia não mais basta para a solução de um conflito e se precisa adotar recursos militares para por fim à opressão e restabelecer a paz."
"Quem já experimentou a solidariedade – como nós, alemães – tem de retribuir solidariedade, quando ela é requerida", começa Schröder ao falar dos ataques terroristas de 11 de setembro a Nova York e justificar o apoio alemão à guerra dos Estados Unidos contra os talibãs no Afeganistão e o grupo de Osama Bin Laden.
Economia e recados
– Apesar do desaceleramento econômico, o chanceler mostra-se otimista com 2002 e diz esperar a retomada do desenvolvimento. Ele reafirma ser prioridade do governo "a manutenção e a criação de novos" empregos.Na parte final, Schröder cobra a responsabilidade dos governos estaduais na melhora da qualidade do ensino (num estudo comparativo internacional, divulgado no início de dezembro, a Alemanha obteve má colocação, pouco à frente do Brasil e do México). O chanceler também acha que o país precisa de empresas menos frágeis "ao tempo, que não reajam com demissões a cada turbulência", além de acordos coletivos sensatos que tenham em vista o crescimento econômico e o bem-estar de todos os cidadãos e não apenas das partes envolvidas. (mw)