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Scholz reage a críticas em meio à crise Rússia-Ucrânia

7 de fevereiro de 2022

Questionado sobre a Alemanha não enviar armas para a Ucrânia, chanceler argumenta que Berlim segue critérios rígidos de exportação de armamentos e promete resposta "unida e resoluta" se Rússia invadir país vizinho.

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O chanceler federal alemão, Olaf Scholz
"Estamos dispostos a, junto com nossos aliados, dar todos os passos necessários", disse ScholzFoto: Michael Sohn/AP/picture alliance

Em meio a temores de uma invasão da Ucrânia pela Rússia, o chanceler federal alemão, Olaf Scholz, respondeu a críticas de que a Alemanha não vem fazendo o suficiente para apoiar Kiev. Em entrevista publicada pelo jornal americano The Washington Post neste domingo (06/02), ele também enfatizou que a Rússia vai pagar um "preço alto" se invadir o país vizinho.

Scholz se reunirá com o presidente dos EUA, Joe Biden, na Casa Branca nesta segunda e deve discutir preocupações relativas ao aumento da presença militar russa na fronteira com a Ucrânia, onde estima-se que mais de 100 mil soldados estejam estacionados.

Ao Washington Post, Scholz ressaltou que a Alemanha é "o maior apoiador econômico da Ucrânia" e assim continuará sendo. "Foram aproximadamente 2 bilhões de dólares até agora [nos últimos sete anos] (...) Estamos trabalhando juntos em energias renováveis e tecnologias futuras que são importantes para dar à Ucrânia a chance de ter mais resiliência econômica e financeira", disse o social-democrata.

Enquanto EUA e Reino Unido enviaram armamentos para a Ucrânia em meio à tensão atual com a Rússia, Berlim se negou a fazer o mesmo. Ao ser questionado sobre as críticas recebidas pela Alemanha por enviar somente 5 mil capacetes à Ucrânia, Scholz argumentou que Berlim segue critérios rígidos de exportação de armas.

No acordo de coalizão firmado pelo atual governo alemão, social-democratas, verdes e liberais concordaram com uma política que não permita a exportação de armas para regiões em crise.

Em relação a críticas de que a Alemanha não tem sido um aliado forte o suficiente dentro da Otan, Scholz ressaltou: "A Alemanha tem o maior orçamento de Defesa na Europa continental. Contribuímos para as forças de resposta da Otan com milhares de soldados alemães."

Ele também destacou que o país enviou centenas de soldados à Lituânia, onde Berlim lidera a presença militar da Otan, e vários caças à Romênia para patrulhar os céus junto com aliados. Neste domingo, a ministra alemã da Defesa, Christine Lambrecht, afirmou que o governo alemão não descarta reforçar suas tropas na Lituânia.

"Nossa resposta será unida e resoluta"

Ao ser questionado se o governo alemão impediria o funcionamento do gasoduto Nord Stream 2, que deverá transportar gás natural russo para a Alemanha, como sanção a uma invasão da Ucrânia pela Rússia, Scholz afirmou: "Estamos dispostos a, junto com nossos aliados, dar todos os passos necessários."

"Está absolutamente claro que numa situação como esta todas as opções estão sobre a mesa [...] Não vou entrar em detalhes, mas nossa resposta será unida e resoluta", disse.

"Temos um acordo muito claro com o governo dos Estados Unidos sobre trânsito de gás e soberania energética na Europa. Também já concordamos que vamos apoiar a Ucrânia, que vamos lutar intensamente pelo trânsito de gás via Ucrânia e que seremos muito firmes se esse trânsito de gás for ameaçado", afirmou.

A construção do Nord Stream 2 foi criticada pelos EUA, pela Ucrânia e por uma série de países-membros da União Europeia (UE), incluindo a Polônia e os países bálticos.

"Preço muito alto para a Rússia"

Scholz defendeu ser necessário que a Alemanha, a Otan e a UE adotem o que chamou de "ambiguidade estratégica" em relação à Rússia. "Isso também é crítico para transmitir a forte mensagem de que será muito custoso – de forma que eles não possam ir a um computador e calcular se será muito caro ou não."

O chanceler federal alemão deverá visitar o presidente russo, Vladimir Putin, em Moscou em 15 de fevereiro. Ao ser questionado pelo Washington Post sobre que mensagem transmitirá a Putin, Scholz afirmou: "Em primeiro lugar, que haverá um preço muito alto se a Rússia intervier na Ucrânia com suas tropas militares".

Por outro lado, disse o líder alemão, também deixará claro que a Alemanha está trabalhando duro para usar todos os canais de diálogo à disposição, incluindo conversas entres os EUA e a Rússia, do Conselho Otan-Rússia e da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).

Scholz também ressaltou as negociações no formato Normandia, em referência a conversas entre Rússia e Ucrânia mediadas por Alemanha e França, que ocorreram pela primeira vez em 2014. No último dia 26 de janeiro, negociações no formato fizeram com que Moscou e Kiev concordassem em manter um cessar-fogo no leste da Ucrânia, em linha com um acordo de 2014.

Independência energética até 2045

Ao ser questionado sobre que passos estava adotando para reduzir a dependência energética da Rússia, Scholz afirmou que a Alemanha está iniciando "uma modernização completa da produção e fornecimento de energia".

"Em apenas 25 anos, em 2045, seremos absolutamente independentes da importação de gás, petróleo e carvão para a Alemanha, porque dependeremos somente de recursos renováveis", afirmou.

Para alcançar tal objetivo, Scholz afirmou que a Alemanha aumentará seu consumo de energia eólica e solar e começará a implementar o uso de hidrogênio na indústria em vez de gás natural. No sábado, o ministro alemão do Clima e da Economia, Robert Habeck, afirmou que a Alemanha deve achar meios de reduzir sua dependência do gás natural da Rússia.

lf/as (DW, ots)