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Scholz e Putin têm sua primeira conversa após seis semanas

13 de maio de 2022

Chanceler alemão e presidente russo falaram ao telefone por 75 minutos. Scholz exortou Putin a melhorar a situação humanitária nos territórios ucranianos invadidos. Diálogo havia sido interrompido após massacre em Bucha.

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Scholz e Putin
Scholz destacou três pontos de seu diálogo com Putin: importância de um cessar-fogo, rejeição de argumento sobre desnazificação e segurança alimentar globalFoto: Johanna Geron/Sergei Guneyev/AFP

O chanceler federal alemão, Olaf Scholz, e o presidente russo, Vladimir Putin, tiveram uma conversa telefônica de 75 minutos nesta sexta-feira (13/05), sobre a guerra na Ucrânia.

O último diálogo entre ambos havia ocorrido há mais de seis semanas. O contato desta sexta ocorreu a pedido de Scholz, segundo o Kremlin.

Antes do telefonema, o chanceler alemão comunicou membros do Bundestag (Parlamento alemão) que conversaria com Putin, segundo membros de uma comissão sobre defesa do órgão do Legislativo.

Em uma mensagem no Twitter após a conversa, Scholz destacou três pontos de seu diálogo com o líder russo: "É preciso haver um cessar-fogo na Ucrânia o mais cedo possível. A afirmação de que haveria um regime nazista lá é falsa. E apontei a ele a responsabilidade da Rússia pela situação alimentar mundial".

Moscou repete falso pretexto de "desnazificação"

O porta-voz do governo alemão, Steffen Hebestreit, afirmou que o objetivo da conversa entre os dois líderes foi "encontrar uma saída para essa guerra terrível, com o trágico número de vítimas, a grande destruição e a percepção de falta de sentido que uma guerra provocam".

Segundo ele, Scholz também exortou Putin a melhorar a situação humanitária nos territórios invadidos, como em Mariupol, além de rejeitar "de forma clara as acusações [do Kremlin] de que o nazismo esteja disseminado pela Ucrânia".

O Kremlin, por sua vez, disse que Putin havia fornecido informações "detalhadas" sobre os objetivos da Rússia na Ucrânia, com foco em objetivos humanitários, e mencionou "grandes violações das regras do direito internacional por combatentes que seguem uma ideologia nazista", segundo o Kremlin.

Na conversa, Putin também disse que a Ucrânia precisava ser "desmilitarizada" e que Kiev iria "bloquear" esforços pela paz e usar "métodos terroristas".

A Rússia vem tentando justificar sua guerra contra a Ucrânia com o suposto objetivo de "desnazificar" o país vizinho, uma alegação rechaçada por pesquisadores do Nazismo.

Hebestreit, porta-voz do governo alemão, disse ainda que ninguém deveria "associar grande esperança" ao diálogo, mas que o contato era uma forma de captar "se fazia sentido continuar conversando" com o objetivo de "colocar um fim a esta guerra terrível", pois "nenhuma iniciativa deve ser ignorada". Ambos os líderes concordaram em manter o diálogo "poe meio de diversos canais".

Retomada do contato

Scholz já havia conversado por telefone com Putin diversas vezes desde o início da invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro, e o último diálogo havia ocorrido em 30 de março. Alguns dias depois, foi revelado o massacre de civis na cidade de Bucha, próxima a Kiev, o que interrompeu as conversas.

Por um tempo após as notícias sobre Bucha, o presidente francês, Emmanuel Macron, também não manteve mais contato com Putin. Ambos voltaram a se falar no dia 3 de maio. O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, reuniu-se pessoalmente com Putin em abril em uma tentativa de desescalar o conflito.

No telefonema desta sexta, Scholz e Putin também conversaram sobre segurança alimentar global. O alemão "lembrou que a Rússia tem uma responsabilidade especial" no tema, como o maior exportador de trigo do mundo. A Ucrânia, por sua vez, ocupa a quarta posição no ranking e vem enfrentando dificuldades para exportar a sua produção e preparar o plantio da próxima safra.

bl (dpa, AP, ots)