Schallenberg toma posse como chanceler federal da Áustria
11 de outubro de 2021Dois dias após Sebastian Kurz renunciar ao cargo de chanceler federal da Áustria, tomou posse nesta segunda-feira (11/10) o seu substituto, Alexander Schallenberg, que até então era o ministro do Exterior. O presidente austríaco, Alexander Van der Bellen, conduziu a cerimônia que confirmou o político do Partido Popular da Áustria (ÖVP) na chefia de governo.
Em um discurso no Palácio de Hofburg, em Viena, Schallenberg afirmou que assumir o cargo era uma honra que ele "nunca havia esperado nem desejado", mas que "não era uma opção não assumir esta responsabilidade". Michael Linhart, que era embaixador da Áustria na França, assumiu o cargo de ministro do Exterior.
Van der Bellen disse que o novo governo do país tinha uma grande responsabilidade. Além de seguir implementando as políticas do governo de coalizão entre o ÖVP, legenda do agora ex-chanceler Kurz, e os verdes, o novo gabinete deveria fazer o possível para restaurar a confiança da população na política.
"De minha parte, confio que os parceiros da coalizão terão sucesso em criar uma base sustentável para uma cooperação estável no governo", disse Van der Bellen. "Junto ao vice-chanceler Werner Kogler, farei todo o possível para preencher as lacunas que surgiram", disse Schallenberg.
O novo chanceler tem 52 anos e vem de uma família de diplomatas, com origem aristocrática. Ele iniciou a sua própria carreira de diplomata em 1997 e, depois de assumir diversos postos no exterior, inclusive em Bruxelas, foi nomeado ministro do Exterior em 2019.
Schallenberg, também conhecido como "Schalli" por seus apoiadores, pertence ao núcleo de aliados fiéis de Kurz, e ambos compartilham a mesma visão em diferentes temas, especialmente sobre política migratória e a relação com a Turquia.
Propostas similares às de Kurz
O novo chanceler tem larga experiência em política externa, fala cinco idiomas além do alemão e é hábil na comunicação com a mídia, analisa o cientista político Patrick Moreau. Por outro lado, sua falta de experiência na política nacional fará com que ele provavelmente continue dependente de conselhos dos mesmos aliados de Kurz.
Além disso, Kurz pretende seguir no comando do conservador ÖVP e ser o líder do partido no Parlamento austríaco, o que leva a oposição a crer que haverá uma continuidade do "sistema Kurz" no topo do governo austríaco. O próprio Schallenberg deixou claro nesta segunda que iria trabalhar de forma "muito próxima" com Kurz como o líder do maior partido no Parlamento, e que acreditava que as acusações contra seu antecessor eram falsas.
Kurz renunciou na noite de sábado sob pressão de investigações de corrupção que pesam contra ele. Na semana passada, veio a público que o Ministério Público estava investigando o ex-chanceler de 35 anos de idade por suspeita de fraude, suborno e corrupção.
Uma das suspeitas é que a equipe que garantiu a ascensão de Kurz ao topo do ÖVP e do governo desde 2016 teria utilizado pesquisas de opinião manipuladas e comprado reportagens positiva na mídia. Em troca, o jornal Österreich supostamente teria lucrado com publicidade do Ministério da Fazenda, com o uso de recursos públicos.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, parabenizou o novo chanceler em uma mensagem no Twitter, e disse que esperava manter uma "cooperação de sucesso" entre a Áustria e a União Europeia.
bl/lf (afp)