Saúde ganha com concorrência da tecnologia médica
12 de julho de 2004As empresas produtoras de equipamentos médicos, como a alemã Siemens, a holandesa Philips e a norte-americana General Electric (GE), trabalham de forma intensa no desenvolvimento de novos aparelhos que facilitem não só os diagnósticos, como também o tratamento de doenças. Atualmente, as três empresas dominam 80% do mercado mundial de aparelhos para a elaboração de diagnósticos.
Só na Alemanha, vendem-se a cada ano equipamentos médico-hospitalares no valor de um bilhão de euros. Em todo o mundo são 27 bilhões de euros, com tendência crescente, devido ao envelhecimento cada vez maior da população. Por outro lado, o crescimento econômico em países emergentes, como a China, permite um acesso cada vez maior à medicina moderna.
O mercado de tecnologia médica no país mais populoso do mundo vem crescendo 10% ao ano, sendo que grande parte dos equipamentos continua sendo importada pelos chineses. Contudo, na Ásia ainda falta muito para que se chegue ao nível europeu: enquanto na China se gastam todo ano 48 dólares per capita com prevenção, na Alemanha este valor é superior a 2800 dólares
Mercado também cresce na Europa e EUA
Sobretudo devido ao aumento da expectativa de vida na Europa e nos Estados Unidos, cresce a demanda local por tomógrafos, implantes com depósito de medicação ou de aparelhos cirúrgicos que funcionam à base de energia de alta freqüência ou ultra-som.
Ao mesmo tempo, com o uso de equipamentos modernos, consultórios e clínicas tentam reduzir seus custos com diagnósticos e tratamentos. Embora caros à primeira vista, os aparelhos médico-hospitalares são rentáveis a longo prazo, por permitirem a otimização do trabalho, explica Gerald Meder, vice-presidente da Rhön Klinikum, empresa que administra clínicas.
Renovar é preciso, mas falta dinheiro
Para vencer a crise, também os planos de saúde reconheceram as vantagens desta modernização. "Técnicas modernas de anestesia e de cirurgia possibilitam que muitas intervenções sejam feitas de forma ambulatorial, poupando tempo ao paciente e leitos nos hospitais", argumenta Dorothee Meusch, do plano de saúde Techniker Krankenkasse.
A necessidade de modernização e racionalização nos hospitais alemães é "gigantesca", escreve o jornal Financial Times Deutschland, mas falta-lhes dinheiro. A Sociedade Hospitalar Alemã calcula que sejam necessários para isso até 25 bilhões de euros. Principalmente as clínicas públicas enfrentam graves problemas e esperam tirar vantagem da enorme concorrência entre os fabricantes. A GE, por exemplo, já reagiu, baixando seus preços.
Briga de gigantes
A luta pelo domínio do mercado europeu e norte-americano é grande. Enquanto nos últimos seis anos a Philips investiu seis bilhões de dólares em incorporações, a Siemens ameaça superar a GE nos Estados Unidos. Mas a concorrente norte-americana não fica atrás. Em abril último, ela comprou a britânica Amerham por 10,3 bilhões de dólares.
William Castell, seu novo chefe da área de proteção à saúde, acredita que esta competitividade tornará, dentro de cinco anos, um aparelho de ultra-som tão barato, que qualquer consultório terá condições de adquiri-lo como um estetoscópio.
"Com um aparelho digital, um hospital pode fazer até 150 radiografias ao dia, enquanto com o tradicional só se atende 30 pessoas", argumenta Benedikt Laux, chefe de produção de equipamentos médico-hospitalares da Philips, em Hamburgo, norte da Alemanha.
A Siemens Medical Solutions, o segmento de eletromedicina da empresa alemã, é sediada em Erlangen, no sul da Alemanha. Com 31 mil empregados em 120 países do globo, ela registrou um faturamento de 7,4 bilhões de euros no ano fiscal encerrado em setembro de 2003. Com um lucro de 555 milhões de euros nos primeiros seis meses deste ano fiscal, o segmento foi o mais lucrativo de toda a empresa, anunciou o presidente da Siemens, Heinrich von Pierer.