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Estratégia militar

26 de maio de 2009

Presidente francês inaugura base naval na zona estratégica do Estreito de Hormuz. Oficialmente destinada ao abastecimento, a base pode ser rapidamente transformada em ponto de operação militar.

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Sarkozy na base naval francesa em Abu DhabiFoto: AP

Esta é a primeira vez que a França inaugura uma base fora militar fora de seu próprio território desde o fim da era colonial. A princípio, a ideia é manter uma base a caminho do Afeganistão, além de garantir a segurança do Estreito de Hormuz, por onde é transportado 40% de todo o petróleo consumido no mundo.

"Há 30 anos, éramos completamente ausentes nesta região. Hoje somos um parceiro importante", afirmou Sarkozy recentemente, em artigo publicado pela revista Diplomatie.

Interesse em novas parcerias

Com isso, a França também marca sua presença nas proximidades do Irã, um país que vem desafiando a comunidade internacional com seu programa nuclear. Na base francesa deverão ficar estacionados aproximadamente 500 soldados da Marinha, Exército e Aeronáutica. Sua construção foi financiada pelo governo dos Emirados Árabes Unidos, interessado em fortalecer as relações com um segundo parceiro estratégico, além dos Estados Unidos.

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Soldados franceses: controle estratégico do Estreito de HormuzFoto: AP

"A presença dos soldados franceses remete à responsabilidade que a França, como potência mundial, tem em relação a seus parceiros. E isso numa região de grande importância para todo o mundo", declarou Sarkozy. Segundo ele, a França consolida, assim, sua posição do lado dos Emirados Árabes Unidos.

Ao marcar uma presença econômica, política, cultural – e agora militar – no Golfo Pérsico, o governo francês está respondendo a um convite de Abu Dhabi, cujos monarcas parecem não apostarem mais apenas no apoio norte-americano, mas também na cooperação com outras potências. Pelo menos é isso o que vem ocorrendo desde a Guerra do Iraque, em 2003, quando Washington passou por cima dos vizinhos árabes da região ao tomar a decisão de derrubar Saddam Hussein

Internacionalizar a segurança

Outros países do Golfo seguem estratégias semelhantes ao internacionalizarem a responsabilidade pela própria segurança, explica à emissora WDR Emile Hokayem, especialista em questões militares em Abu Dhabi.

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Nicolas Sarkozy: viagem de dois dias aos Emirados Árabes Unidos

"Eles sabem que a própria segurança não depende de sistemas bélicos ou da força militar, mas sim e principalmente de eles participarem de uma conexão global ou não. Por isso, delegam parte da responsabilidade pela própria segurança às potências mundiais. É por isso que tanto o Louvre, quanto uma base marítima vêm para cá. E é por isso que a Universidade Georgetown, de Washington, veio para o Catar. Eles querem angariar o maior número possível de amigos. Amigos poderosos, obviamente. Essa é uma estratégia muito inteligente. Eles querem conscientemente se tornar parte das estruturas políticas e econômicas globais", comenta Hokayem.

Difícil conciliação de interesses

No Irã, em contrapartida, a sensação em relação à crescente presença militar ocidental no Golfo Pérsico é de ameaça. "Os países árabes do Golfo querem internacionalizar a segurança regional. O Irã, por sua vez, requer a retirada de todos os soldados estrangeiros da região, pois assim Teerã assumiria o comando. Os países do Golfo têm, com certeza, o direito de decidir com quem selam alianças. E o Irã tem o direito de dizer que não quer ser agredido. Uma forma de conciliar essas duas posições depende de vários fatores, também exteriores à região", explicou Hokayem à WDR.

Razões econômicas

Além de razões militares e geopolíticas, a França também tem motivos econômicos para se estabelecer na região: os Emirados Árabes Unidos estão entre os principais consumidores de produtos franceses, desde armas até usinas nucleares, passando por instituições culturais e de educação. Segundo informa Paris, aproximadamente 50% dos equipamentos militares dos Emirados provêm da França.

Durante sua visita a Abu Dhabi, Sarkozy também aproveitou para fazer propaganda do avião francês de combate Rafale. No passado recente, os Emirados Árabes Unidos encomendaram, em Paris, 60 aviões caça do tipo Mirage e 400 tanques de guerra.

Além disso, Sarkozy ainda pôde se empenhar pelas empresas francesas de energia nuclear, que auxiliarão os Emirados Árabes quando estes passarem a fazer uso, a partir de 2017, da energia atômica. Teoricamente, apenas para fins pacíficos. Os Emirados Árabes são o único país do Oriente Médio que conseguiu criar um aparato jurídico que garante a segurança de reatores nucleares.

Louvre em Abu Dabi

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Maquete da dependência do Louvre em Abu DabiFoto: AP

Além de imaugurar a base militar, Sarkozy também prorrogou um acordo de segurança assinado em 1995 entre a França e os Emirados Árabes. Embora os Emirados tenham estado, há tempos, interessados em intensificar sua parceria com a França, Jacques Chirac, o antecessor de Sarkozy na presidência, sempre deu preferência às relações com a Arábia Saudita na região.

Além de uma base militar, Sarkozy também inaugurou em Abu Dhabi as obras para a construção de uma dependência do Louvre na cidade. Na "Ilha da Sorte", situada a 500 metros da costa, está sendo erigido um enorme centro cultural, que deverá abrigar, além da dependência do Louvre, também uma do Museu Guggenheim.

A França e os Emirados Árabes assinaram, em 2007, um acordo bilionário, segundo o qual o país europeu se compromete a construir um "Louvre Abu Dabi", que deverá expor, entre outras coisas, obras emprestadas da sede parisiense. Sua inauguração está prevista para 2012 ou 2013.

SV/dpa/afp

Revisão: Simone Lopes