Rússia fica de fora do Conselho de Direitos Humanos da ONU
28 de outubro de 2016A Rússia não conseguiu conquistar a reeleição como membro do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas nesta sexta-feira (28/10), em votação na Assembleia Geral da ONU. É a primeira vez, desde 2006, que Moscou é rejeitada para integrar o órgão internacional com sede em Genebra.
Em disputa por um dos dois assentos reservados a países do Leste Europeu pleiteados nesta votação, a Rússia, com 112 votos, ficou atrás da Croácia e da Hungria, que receberam 114 e 144 votos, respectivamente. A Assembleia Geral da ONU é composta por 193 membros votantes.
"Foi uma votação muito acirrada", afirmou o embaixador russo nas Nações Unidas, Vitaly Churkin. "Croácia e Hungria têm sorte que, por conta de seu tamanho, não estão tão expostas aos ventos da diplomacia internacional. A Rússia está muito exposta. Estivemos [no Conselho de Direitos Humanos] por muito tempo. Tenho certeza que na próxima vez entraremos novamente."
A candidatura russa, para um novo mandato de três anos, vinha sendo muito criticada por várias organizações de defesa dos direitos humanos, como a Human Rights Watch, principalmente devido às recentes ações militares do país na guerra civil síria, em que apoia o regime de Bashar al-Assad.
Com a derrota na Assembleia Geral, "os Estados-membros da ONU enviaram uma forte mensagem ao Kremlin sobre o que pensam sobre seu apoio a um regime que tem perpetrado tanta atrocidade na Síria", opinou Louis Charbonneau, diretor do escritório da Human Rights Watch nas Nações Unidas.
Brasil de volta ao Conselho
Brasil e Cuba foram eleitos para ocupar duas vagas latino-americanas, vencendo a Guatemala, terceiro país na disputa. A candidatura cubana recebeu apoio de 160 dos 193 membros, enquanto a brasileira obteve 137 votos favoráveis. A Guatemala, por sua vez, terminou a votação com 82 votos.
Havana já era membro do Conselho de Direitos Humanos e conquistou a reeleição na votação desta sexta-feira. O Brasil, por sua vez, volta depois de um intervalo de um ano. Bolívia, Equador, El Salvador, Panamá, Paraguai e Venezuela seguem representando a região no órgão em 2017.
Em nota, a diplomacia brasileira agradeceu o apoio e afirmou que, "durante o mandato, o país se empenhará para aumentar a efetividade do Conselho na promoção e proteção dos direitos humanos".
A reeleição de Cuba foi criticada por organizações de direitos humanos, incluindo a Human Rights Watch. De acordo com a ONG, para ser uma candidata plausível, Havana deveria acabar com a "repressão sistemática dos dissidentes e com a recusa de permitir visita dos observadores da ONU".
O Conselho de Direitos Humanos da ONU, criado em 2006, contém 47 assentos, dos quais 14 foram renovados nesta sexta-feira para um mandato de três anos, com início em janeiro de 2017.
Além dos citados Brasil, Cuba, Croácia e Hungria, também foram eleitos Iraque, Arábia Saudita, Egito, China, Ruanda, África do Sul, Japão, Tunísia, Estados Unidos e Reino Unido.
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