Rússia exige reunião na ONU sobre "ameaça à paz" por EUA
3 de fevereiro de 2024O Conselho de Segurança das Nações Unidas realiza nesta segunda-feira (05/02) uma reunião de emergência para discutir os bombardeios no Iraque e na Síria, lançados pelos Estados Unidos em retaliação pela morte de três soldados americanos, noticiou a agência de notícias AFP, reportando-se a fontes diplomáticas.
O encontro foi requisitado pela Rússia, enquanto membro permanente do grêmio: "Acabamos de solicitar a realização de uma sessão urgente do Conselho de Segurança da ONU sobre a ameaça à paz e à segurança criada pelos ataques americanos na Síria e no Iraque", anunciou nas redes sociais o representante de Moscou junto à organização internacional, Dmitri Polianski.
Segundo a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos, sediada em Londres, pelo menos 23 teriam morrido nos ataques contra alvos na Síria. No Iraque, segundo o governo do país, as vítimas totalizaram 16. O Kremlin já havia condenado os bombardeios dos EUA às instalações ligadas à Guarda Revolucionária do Irã e a grupos pró-iranianos em solo iraquiano e sírio.
Síria, Iraque e Irã igualmente condenaram os ataques aéreos. Teerã classificou-os como "um erro estratégico". Para Damasco, os americanos teriam alimentado de "modo muito perigoso" o conflito no Oriente Médio; enquanto Bagdá condenou a "violação da soberania iraquiana".
Em 24 de fevereiro de 2022, a Rússia iniciou uma sangrenta guerra de agressão contra vizinha Ucrânia. Além de ameaçar a paz no Leste Europeu e mais além, o conflito envolve possíveis crimes de guerra e contra a humanidade, sendo condenado por um grande número de Estados e instâncias internacionais. Em março de 2023 o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu um mandado de prisão contra o presidente russo, Vladimir Putin.
Casa Branca: operação foi "um sucesso"
Na noite desta sexta-feira, os Estados Unidos lançaram uma série de ataques contra alegadas posições de milícias pró-iranianas na Síria e no Iraque, em resposta a ofensivas fatais com drones a uma base americana na fronteira entre Síria e Jordânia, no fim de semana anterior, reivindicadas por insurgentes pró-iranianos.
De acordo com um comunicado do Comando Central do Exército dos Estados Unidos (Centcom), os ataques "foram direcionados especificamente contra 85 alvos pertencentes à Força Quds, que integra a Guarda Revolucionária iraniana, e às suas milícias afiliadas".
O exército americano utilizou "mais de 125 munições de precisão" que atingiram centros de comando e controle de operações, centros de informação, foguetes e mísseis, instalações de abastecimento e logística de munições, entre outros alvos. A operação foi "um sucesso", declarou a Casa Branca, reiterando que não quer "entrar em guerra" com o Irã.
Cerca de 900 soldados americanos estão destacados na Síria e 2.500 no Iraque, como parte de uma coalizão internacional criada para combater o autodenominado "Estado Islâmico" (EI), quando este controlava áreas inteiras do território sírio e iraquiano.
A derrota do grupo fundamentalista e terrorista foi declarada no Iraque em 2017 e na Síria em 2019, mas a coligação permaneceu no país para combater as células terroristas que continuam a realizar atentados.
Desde meados de outubro, mais de 165 ataques com drones e foguetes tiveram como alvo as forças americanas estacionadas no Iraque e na Síria. As primeiras mortes foram registradas no ataque de 28 de janeiro na Jordânia.
av (Lusa,AFP)